
Oi fanáticos pela Si! Estou aqui alapada no tapete a beber SunQuick que a chique comprou e lasanha que a chique roubou. Brincava, claro. Mas estou, sim, a comer. Avançando... Bem, devem estar curiosos, devido ao nome do post, certo?! Hihi. Calma, conto-vos tudo. Mas, antes disso, tenho de começar este relato contando-vos como foi o meu dia de Carnaval.
Bem, estava eu sentada no sofá, a ler "Nem as mulheres são tão complicadas nem os homens são tão simples" quando, de repente, me lembro que o dia de Carnaval se aproximava. Dirigi-me à cozinha, onde a chique lia uma revista qualquer de design de interiores, e perguntei-lhe se sabia de alguma festa. A Bázita imediatamente me deu um envelope, deixando no ar um suspense que, caso fosse lésbica, talvez me seduzisse. Abri-o e vi que era um convite para a festa que a outra chique, a Fafa, iria dar em sua casa, dali a 2 dias. Lembrei-me então que não tinha máscara, e vim para o computador falar um pouco com a Mamatriz, que me dizia que se ia vestir de diaba para o namorado, enquanto pensava no que vestir. O Carnaval lá chegou, e nesse dia só me apetecia ser uma coisa... mulata.
Parece-vos estranho? A mim também. Mas a verdade é que, por influências musicais (adormecera, na noite anterior, a ouvir Rihanna), acordei naquela manhã a querer ter a pele de cor o mais escura possível. Matutei, enquanto fazia a depilação, no assunto... e eis que encontro uma solução. Vesti-me rapidamente e, meia-hora depois, estava à porta da casa da Fafa. Toquei, toquei... toquei... mas ela não vinha.
- Arre! - gritei, e atirei uma pedra à janela do quarto dela... por descuido meu, nao reparei que era tão grande, e ouviu-se o estrondo do vidro a partir.
"Hihihi, espero que não me bata", pensei, e vi-a vir à janela. Pareceu-me furiosa, assim de repente.
- Olha foste tu?!!!! - berrou ela.
- Vê aqui mais alguém? - retorqui. - Dah!
Ela desapareceu momentaneamente da janela e eu fiquei curiosa em relação ao motivo da demora em vir novamente falar comigo. Apareceu então à porta, com um relógio na mão, detalhe que me intrigou.
- Estás a ver as horas?! - perguntou, quase me enfiando o relógio pelo olho a dentro. - Uma chique como eu precisa do seu sono de beleza. São 7 da manhã, que fazes tu aqui? Ainda por cima, tenho uma festa para logo...!
- Estava com insónias - respondi. - Mas aceito um café, claro.
Tentei entrar, auto-convidando-me, como repararam, mas ela barrou-me a passagem.
- Ok... ok... pronto, é sobre a festa que lhe venho falar.... - ela olhou-me, impaciente, e senti necessidade de ir directa ao assunto. - Será que me podia fazer quatro taças de mousse, para o meio-dia? - perguntei.
- Rua daqui, já. Tenho mais que fazer! -gritou. Mas depois voltou. - Liga à Fifi, penso que ela fez ontem à noite. Ou melhor... não ligues. - olhou-me, provocadora. Tentava seduzir-me? - Ela não te dava...
- Então?!
- Haverás de chegar lá - e piscou-me o olho. - Quanto ao vidro... não penses que te escapas. - disse, e fechou a porta.
Estava, oficialmente, num dilema. Como iria eu conseguir arranjar vestido/forma de ir de mulata? Olhei em volta e vi um cão a defecar no jardim de uma das casas... e aí tive uma ideia: ir à casa da Fifi, à socapa, e roubar-lhe um pouco de mousse. Decerto que ela não daria conta.
E fui. Da casa da Fafa até à dela eram, a pé, uns 10 minutos, pelo que rapidamente cheguei lá. Quando ia atravessar o portão, vi-a sair de casa... que ia fazer ela, tão cedo?! Abordei-a, cumprimentando-a. Ela cumprimentou-me novamente com um sorriso e rematei:
- Fifi... você tem a pele tão escura! Fascina-me, até. Só queria era saber como consegue...!
- É natural...
- Ai não me diga que é escurumba!
- Perdoa-me...?!
- Sabe, africana e tal...
- O meu bisavô era, sim.
Fiquei mais vermelha do que uma salsicha, claro, de me rir. Foi então que lhe fui sincera:
- Olhe... eu queria ir de preta, hoje, lá pró Carnaval... pode ajudar-me?
- Não vejo como!
- Que tal se me desse uma daquelas mousses que fez ontem...?
- Ah... pode ser, então.
Ela deu-me as mousses, delicada, e consegui que ela me desse boleia até à casa da Bázita. Uma vez lá, enfiei-me na casa-de-banho, de onde só saí ao final da tarde, para atender o telemóvel, já totalmente coberta de mousse que entretanto tinha secado completamente com a ajuda do secador. Era o Rui.
- Oi amor...
- Sílvia... olá...
- Sempre me vens buscar, hoje?
- Pois... olha, não vai dar. Houve um acidente entre um carro e uma camioneta, há minutos, e estamos à espera dos feridos, que vão chegar daqui a pouco. Desculpa, Sílvia.
- Okay... mas vemo-nos amanhã, ou assim?
- Claro. Desculpa. Amo-te.
Enfim, ele nunca pode. Já reparam? Fiquei triste, um pouco, claro, mas logo me animei e fui para casa da outra chique. Lá, senti-me bastante sozinha, visto que elas, a certa altura, já não estavam lá na sala principal... e eu não conhecia ninguém por ali. Peguei num copo, noutro, e noutro. Depois, subi para uma mesa e estava já a sentir-me tonta ao mesmo tempo que dançava. Conseguia ouvir comentários como "olha-me aquela preta!", e senti-me bem por isso. Foi então que olhei para o lado e vi o Veterinário, vestido de lobo. Sorri, tentando ser sensual...
- Já bebeste de mais, não, Sílvia?
- Um pouco!
Com a ajuda dele, desci para o seu lado e fomos então até à entrada da casa. Tentava engatar-me? Reconhecera-me, contudo, ele, e isso chateou-me um bocado.
- Então... o teu namorado?
- Está a trabalhar...
- Que faz ele?
- É médico...
- Oh! Sei como é, então.
- Não sabes...
- Deve ser cansativo para ti.
- Às vezes...
Sorri, enquanto apreciava a companhia. Nesse momento, as chiques passaram, e tive que me afastar... mas logo continuámos a conversa... Fiquei a saber que se chama... Leonel? Ou Leonardo? Não me lembro direito, é verdade, mas não interessa muito, também, que gosta de animais - dah, é veterinário - e que, de momento, estava solteiro. Nessa noite, quando me levou a casa, tentou ficar com o meu número... e conseguiu, claro.
- Liga-me, depois!
- Claro - respondeu.
No dia seguinte, quando acordei, eram já 4 da tarde. Arrastei-me para fora da cama e vi a chique a fazer jardinagem.
- Bom-dia...
- Tens correio, Sílvia! Procura em cima da mesa, na cozinha.
Curiosa, fui até à cozinha e lá descobri uma carta escrita em caracteres estranhos... mas a coisa ficou ainda mais estranha quando vi de onde vinha: Japão.
Abri-a, admirada, e logo descobri uma página totalmente escrita e sobre a qual eu nada percebi. Liguei à Sónia, perguntando-lhe se tinha sido uma brincadeira dela, e, uma vez que ela me garantiu que não, pedi-lhe ajuda.
- Olha, ó burra... e se viesses cá ao Porto e mostrasses ao teu tio? Ele é japa, vai perceber, acho.
- Sim, boa! Não sei como não pensei nisso antes!
- De quem é, já agora?
- Ai...
- Que foi?
Era a primeira vez que eu olhara para o nome do remetente.
- É da minha mãe - respondi.
No dia seguinte, seguindo a sugestão da Sónia, fui de autocarro até ao Porto. Quando lá cheguei, saudades inundaram o meu coração... como estava tão semelhante, aquela cidadezeca, e ao mesmo tempo tão diferente! Olhei para o lado e reparei num homem, idoso, que cuspia para o vidro. Que visão...! Ele olhou para mim e sorriu. Virei logo a cara, assustada.
Assim que saí do autocarro, vi a Sónia. Corri para ela e abraçamo-nos.
- Estás mais gorda ou é de mim?! - foi desta forma que me cumprimentou, rindo-se.
- É de ti!
Depois de uma conversa breve sobre pesos, balanças e comida, apanhámos um táxi rumo à casa do meu tio. Durante a viagem, ela pediu-me que lhe mostrasse a carta e, assim que a viu, riu-se.
- Vamos mesmo precisar da ajuda do teu tio!
Chegámos por fim à casa do meu tio e, depois de conseguirmos um pequeno desconto do taxista por lhe revelarmos a cor da roupa interior que usávamos - mentimos, claro -, lá entrámos. Ele veio à porta e, tentando ser charmoso, logo nos convidou a entrar.
- Então, o que vos traz aqui? - perguntou ele, minutos depois, escondendo debaixo do sofá umas revistas menos decentes que lá tinha.
Mostrei-lhe a carta.
- Precisávamos de uma tradução...
- Por favor - ajudou a Sónia.
- Claro, faço tudo pelas minhas meninas! - e começou a ler.
Não me lembro de toda a tradução e inventaria se a tentasse reproduzir aqui, pelo que vou apenas dizer o mais importante: aparentemente, "aquela" lembrou-se que, há 21 anos, deixou uma filha no mundo, e queria agora estabelecer contacto comigo, pedindo-me que a visitasse o mais brevemente possível na morada assinalada. Reparem... ela queria que eu a visitasse! Eu. Enfim, claro que fiquei um pouco constrangida mas, depois de passar algumas horas a falar com o meu tio e a Sónia, fiquei um pouco reticente... se calhar a minha mãe valia o esforço. Se calhar!
Nessa noite, decidi ir visitar o Rui ao hospital. Apanhei novamente um táxi e fui até lá. Sentei-me num banco, esperando vê-lo... e foi então que o vi. Deviam ver, meus friends, a cara dele! Impagável!
- Sílvia? - perguntou, animado.
- Eu mesma!
Levou-me para o seu apartamento, onde jantámos à luz das velas. Contei-lhe o que se tinha passado e ele ficou bastante curioso.
- Que vais fazer?
- Ainda não sei...
- Quando souberes...
- Digo-te, claro.
Depois, fomos para o quarto... e, enfim, essa parte não vos interessa, estou certa!
Dois dias depois, voltei para Cascais, já decidida: eu iria visitar a minha mãe. Só não sabia era como arranjaria dinheiro para a viagem! A Sónia dissera-me:
- Se quiseres... eu vou contigo.
Mas não, acham? Já ia ser difícil arranjar dinheiro para uma, quanto mais para as duas... Enfim. Nessa tarde, estava eu a sair do banho, nua pelo corredor, quando me deparo com o marido da chique! Envergonhada, tentei tapar-me, e ele fugiu para o seu quarto com o cofre na mão. Foi então que eu tive uma ideia: roubaria o dinheiro à chique para a viagem!
Passei a tarde toda a organizar um jantar romântico para ela e para o marido, de forma a que os mantivesse distraídos o tempo suficiente para eu descobrir o cofre lá no quarto e tirar de lá o dinheiro. Quando os dois chegaram, à noite, eu estava já na cozinha a acabar os últimos detalhes.
- Venham cá! - gritei.
Ficaram muito admirados quando viram a mesa que eu preparei ali. Adorei, claro, a reacção, e logo lhes disse:
- Vá, sentem-se!
- Já jantámos... - disse ela.
Ora com esta é que eu não contava! Perdi ali horas da minha vidinha, para agora aquilo?
- Ah, mas não interessa! Têm de provar esta receita! Vá... sentem-se e deliciem-se! Estarei lá em cima e não vos quero ver fora desta divisão até daqui a uma hora... pelo menos! - despedi-me e pisguei-me rapidamente para o andar de cima.
Tinha pouco tempo para encontrar o dito cofre. Asiaticamente, comecei a pensar onde estaria escondido, mas logo me vi a revirar tudo o que era gaveta ou móvel. No fim, quando o encontrei, debaixo da cama, tive a sorte de já ter encontrado a chave, entre as cuecas do marido da chique. Abri-o, lentamente, e de lá retirei 1000 euros. Foi então que ouvi a porta atrás de mim fechar-se, bruscamente, e logo me assustei...
- Sílvia, que estás a fazer? - era a chique.
- Eu... eu... - comecei. Mas não havia desculpa que pudesse dar!
- Senta-te aqui ao meu lado - pediu ela, sentando-se na cama. Obedeci, pois temia o que me poderia acontecer.
- Olha... eu sei da carta - começou ela. - Eu li-a. Sim, sei que é rude e un-chique, mas não resisti...
- Ou? E compreendeu?
- Mas é claro. Eu passei uma temporada da minha vida em Tóquio, quando era mais nova. Na verdade, foi lá que conheci o Henrique...
- Ah, não pode!
- Pode, sim... mas voltando à carta... podias ter pedido, Sílvia. Bastava vires ter comigo e explicares-me a situação. Não precisavas de roubar.
Comecei a chorar - graças a Buda que tive aulas de teatro! - e pedi desculpa. Ela logo me disse:
- Podes ficar com o dinheiro, mas para a próxima já sabes... por favor, só te peço honestidade. Vá, amanhã vou contigo comprar o bilhete.
Assim que a consegui despachar, fui para o meu quarto e liguei à Sónia, que me chateou com perguntas como "Em que dia vais?" "A que horas?". Enfim, lá respondi, vendo o site da TAP, e fui dormir. Quatro dias depois, estava eu a sair de casa com a chique, pronta para ir apanhar o avião para Tóquio quando, ao sair... vejo Sónia.
- Que fazes aqui?! - ladrei.
- Olha, pensavas que ias sem mim? Não, não... Querias! Vou contigo... vamos as duas arrasar Tóquio, 'miga! - gritou, mais galdéria do que nunca.
Lá fomos para Lisboa, até ao aeroporto. Depois que a chique da Bázita nos deixou lá, foi-se embora e nós dirigimo-nos até ao café para comprar alguma coisa para beber antes de levantarmos voo. Depois de comprarmos Coca-Cola's, sentámo-nos num banco a conversar... e foi então que ouvi uma voz feminina, atrás de mim, que me era familiar. Voltei-me e vi quem era...
- Cátia?! Que fazes por aqui? - indaguei, fingindo um sorriso amarelo, claro. A Sónia virou a cara, não sei porquê, e ignorou-a.
- Sílvia...! Bem, vou apanhar um voo para o Brasil, para umas mini-férias de repouso e descanso em Minas Gerais. E vós? Oi Sónia! - disse, chamando a atenção dela.
- Ah, nós vamos ao Japão. Passar uns dias lá e tal... vais sozinha? - perguntei, rindo-me por dentro.
- Claro que não! - gritou, quase. - Vou com o meu namorado.
- Ah sim? - tive de me esforçar para conter o riso. - E onde está ele?
- Estás a ver aquele ali à beira da máquina dos sumos? -apontou, e tanto eu como Sónia olhámos.
Era o filho da Bázita que ali estava, a bater na máquina, tentando tirar de lá um Ice-Tea. Mas não podia... aquele, a namorar com a Cátia? Que falta de gosto! Antes que eu ou a Sónia pudéssemos dizer alguma coisa, ele aproximou-se até nós e a Cátia logo colocou o braço dele à volta do seu pescoço. Ele, como pude ver, estranhou o gesto... estranho!
- Olá, Sónia...! Então, não tinhas dito que não podias vir? - estava confusa. De que falavam?!
- Disse... e não vou. Vou acompanhar a Sílvia ao Japão, vamos visitar a mãe dela...
- Ah...! - parecia desanimado.
A Sónia nada mais disse, e eu pude compreender porquê. Mas logo perguntei:
- Então... já namoram há muito?
A Cátia ficou pior que sei lá o quê. Ele olhou-me, confuso.
- Quem...? - ele tirou o braço de cima da Cátia.
- Ai...! A Cátia acabava agora de nos contar que ia com o namorado até Minas Gerais...!
- Sim... pois dizia. - ajudou-me a Sónia.
- Não! Nada disso! - desmentiu a Cátia. - Eu apenas dizia que ia a Minas Gerais! Vou eu, o Tomás, e uns colegas nossos lá da turma... é para um trabalho de arquitectura, vamos ver uns edifícios! Devem ter ouvido mal!
- É, devemos... - disse a Sónia, irónica.
Logo uma voz nos chamou para apanharmos o avião, e pude entender que nem a Sónia nem o Tomás apreciaram muito isso.
- Gostei de te ver...
- E eu a ti. - respondeu ela, com dor na voz. Romance?!
Lá fomos para o avião. A Cátia, essa não podia estar mais feliz de nos ver a ir embora! Lá, rimo-nos da Cátia, que, enciumada... tentava vingar-se da Sónia, aparentemente.
Tínhamos até dó dela... vocês não?
Ai... andar de avião... tão estranho! E assustador, também! Mas gostei. Depois de muitas horas ali, a criar raízes nos bancos, lá chegámos a Tóquio.
- Party! Party!!! - gritou a Sónia, saindo do avião. Pensaria ainda em sair naquela noite? Enfim, não interessava... tínhamos chegado!
