Monday, October 20, 2008

10 Chinocas (e não só) favoritas

Sim, eu sei. Os meus fãs há muito que abandonaram este espaço. Houve inclusivé uma pessoa que criou um blog (asilviaestamorta.blogspot.com), dando-me como morta. Sei que prometi a parte 3 da minha aventura em Tóquio mas é que, há umas 3 semanas atrás, houve um problema de canalização aqui no apartamento e, tendo eu chamado um canalizador (mal-cheiroso, qual cliché de filmes de ocidentais), resolvi, quando ele chegou, ir às compras. "Ah, volto já, rapidinho", disse eu. Segura de que ele nada faria.

Voltei e não só tinha desaparecido o pc, como o meu brinquedo favorito, que me anima e consola durante muitas noites solitárias, por sinal resistente à água... Ah, e ele (o canalizador) também desaparecera. Entrei em histeria, arremessei uma panela ao frasco que contém o cadáver do ConiPiçi, quebrando-o, zanguei-me com a Sónia (que entretanto veio mudar comigo - depois contarei tud0, na minha parte 3+post a relatar estes últimos meses!) e, como se não bastasse, nesse dia estava sem tampões (esqueci-me de os comprar quando saí à rua porque havia uma promoção de batatas fritas que me distraiu por completo). Sempre azarenta, sempre Sílvia.

Tudo isto para justificar a minha ausência. Agora, xô. O Flávio(http://www.flaviosworld.blogspot.com/) pediu-me para eleger as minhas actrizes favoritas. Pois, aqui vai a lista (sem fotos, pois neste blog só há uma criatura bonita o suficiente para merecer fotos postadas - adivinharam: eu).

10-Pornchita Na Songkhla
9-Samart Payakarun
8-Kate Winslet (dos filmes ocidentais que me seduzem, a maioria é com ela)
7-Chusri Chern-Yim
6-Pattarasaya Kreuasuwansri
5-Chaleumpol Tikumpornteerawong
4-Pokchat Thiamchai
3-Natthaweeranuch Thongmee
2-Yunjin Kim
1-Sandra Oh

E foi a listinha... beijos Sílvicos!

Tuesday, May 20, 2008

Famosa? Famosa!

Oi oi! Sei que vocês estão loucos por ler a terceira parte da minha viagem a Tóquio - não vos censuro, com essa vidinha de mosca, precisam mesmo de um ou outro post da Sílvia para alegrar a vossa rotina. Contudo, antes de a postar, deixem-me contar uma coisa que me aconteceu hoje...

Bem, estava eu na rua, usando óculos de sol - chovia, mas tenho de mostrar que estou in, não é? - quando, de repente, um carro pára, cheio de jovens adolescentes portuguesas. Saíram de imediato do carro, entre risos histéricos e elogios. Foi então que uma delas berrou "Sílvia, és mesmo tu?", ao que eu pisquei o olho, dizendo "Conhecem outra, que tenha traços asiáticos?". Abraçaram-me logo, tiraram-me fotos, e eu estava meia atordoada. Foi então que outra, que não tinha um dente e que tinha hálito de quem gosta de dar linguados a doninhas, disse "Somos fãs! Vamos todas as semanas ao teu blog... nós já te tínhamos visto na rua várias vezes, mas tínhamos vergonha..." e outra disse "Olha e o Rui? Olha nós queremos saber novos detalhes da tua vida, despacha-te a postar ou levas!" e tentaram saber o que se tem passado na minha vida. Que fiz eu? Mandei-as pastar. Sim, se querem saber, continuem a vir cá... e comentem!

Já agora: estou no Porto, definitivamente. Depois saberão porquê. Ah, e todos me adoram, como vêem... hihihi caso para dizer: arrasei!

Wednesday, May 7, 2008

Destino - Tóquio: Parte 2


Sim, a vossa japa favorita andou sem postar desde 24 de Fevereiro. 24 de Fevereiro, quase dois meses sem terem notícias minhas... pergunto-me como sobreviveram. Claro que voltei - e com imensas novidades. Como vêem, esta é a segunda parte da minha viagem com a Sónia. Mal vocês sabem o que nos aconteceu logo na primeira noite em terras asiáticas... continuem a ler.

- Não, Sílvia... não. Vamos é aproveitar... estamos em Tóquio, Meu Deus, Tóquio! É de noite, temos dinheiro, somos raparigas jovens e eu trouxe um dicionário de japonês... Por isso, não. Não vamos para um hotel dormir, vamos divertir-nos! - gritava a Sónia, enquanto estávamos no táxi.
O homem, um japonês velhote, levava-nos para um hotel e olhava-a com uma cara muito intrigada. Mandei-lhe um beijo, reparando que ele me apreciava pelo retrovisor, ao que ele correspondeu com um olhar que tentou ser sensual, em vão.
- Deixe-nos aqui - pedi, falando inglês, claro.
Ele, apesar de contra vontade, lá nos deixou. Contudo, antes de se ir embora, usámo-lo como mula de carga para levar as nossas malas ao quarto de Hotel, um mísero hotel de 4 estrelas que o dinheiro da chique iria pagar. Depois de fazermos o check-in, fomos então ao quarto e deitámo-nos na cama as duas, apreciando o luxo que nos rodeava... por mim ficava ali a noite toda, claro, a descansar...
- Ew - disse a Sónia, subitamente. - O motorista deixou um papel com o número dele.
Enquanto eu me ria daquilo, a Sónia abriu uma garrafa de champanhe e começou a bebê-la, que nem uma doida. Já a embebedar-se, na primeira noite?
- Conta comigo! - gritei, esquecendo que no dia seguinte iríamos procurar a casa da minha mãe.

Quando me apercebi, já a garrafa tinha acabado e estávamos as duas na rua, descalças e com os vestidos amarrotados, cantando músicas Pop e dançando por entre os lampiões. Os piropos dos carros que passavam, esses eram mais que muitos, como imaginam. Aproveitei e pratiquei os meus dotes de cantora, mas enquanto cantava a "Piece Of Me" quase levei com uma lata de comida para gatos, por isso decidi parar. Pensar que o meu enorme talento seria apreciado num país mais avançado que Portugal foi um erro, obviamente.
Parámos numa bomba de gasolina, pois a Sónia dizia que a bexiga lhe ia rebentar e eu aproveitei para ir comprar mais champanhe. Entrei e todos me olharam... seria eu bonita demais para eles?
- Shi Koku Matsori! - gritou o homem da caixa, que, apercebendo-se de que eu não entendia o que dizia, continuou, em inglês - Não é permitida a entrada sem sapatos!
Tentei disfarçar a vergonha - duas crianças, provavelmente jovens prostitutas, riam-se de mim - passando uns fios de cabelo em frente aos olhos e calcei-me. A Sónia chegou então, rindo-se muito e lá se calçou também. Estávamos nós a comprar vinho quando, de repente, ouvimos um estrondo na porta da frente. Assustada, esgueirei-me pela fila de produtos e reparei que quatro homens encapuçados entravam, berrando coisas em japonês, carregando pistolas.
- Ai...! - gritou a Sónia, com a voz trémula. - Não consigo ler nada do que dizem as etiquetas das garrafas!
Agarrei nela e corri o mais silenciosamente possível - voltei a descalçar-me, claro - por entre as filas, ouvindo berros estridentes ecoar por toda a loja. Depois, assim que vi uma porta de emergência, abri-a, ouvindo um dos homens gritar algo dirigido a nós, apercebendo-se de que tentávamos fugir.
- Hiromi, hiromi, hiromi! - gritava ele, aparentemente dando ordens aos companheiros.
Pedi à Sónia que me ajudasse a fechar a porta e as duas fizemos força para que eles não a conseguissem abrir. Foi então que ela, agora mais sóbria, se lembrou de que eles podiam vir pela porta da frente e me agarrou pelo braço.
- Foge! - gritou, e corremos. Um tiro soou pelo ar: eles corriam atrás de nós.

Medo, digo-vos, não sei o que me deu força para correr, mas a verdade é que o fiz. Deixei cair a minha bolsa no chão mas nem me importei em apanhá-la, afinal tinha dois homens a correr que nem cavalos, armados, atrás de mim. A Sónia, ao meu lado, corria o mais rápido que podia, queixando-se de que os pés lhe sangravam.
- Não pares... por favor! - gritei, chorando. Continuávamos a ouvir gritos japoneses, que nos perseguiam... ao nosso lado, um gato, reparei, comia os restos de um rato... enojei-me mas continuei.
Foi então que um táxi passou ao nosso lado, apitando. De início não olhei, mas quando reconheci a voz olhei para lá, mais contente: era o motorista que nos tinha levado ao Hotel! Abri a porta de trás e entrámos a correr, mesmo com o carro em andamento.
- Acelere! - gritei, vendo os encapuçados continuando a correr atrás do carro, disparando para os pneus. Contudo, não acertaram: as ruas de Tóquio nunca me pareceram tão perigosas como naquele momento.
- Que cheiro é este? - perguntou a Sónia, enojada. Cheirava a... peido.
- Ité! - respondeu o motorista, e ela procurou pelo dicionário na bolsa... mas apercebeu-se então de que também a tinha perdido.

Pedimos de imediato ajuda ao homem, relatando aquilo que se tinha passado e dizendo que tínhamos perdido as bolsas. Ele levou-nos, amável, à esquadra, onde fomos atendidas por homens que nos interrogaram ferozmente sobre o sucedido. No final, eles recolheram depoimentos e mandaram um dos agentes levar-nos de volta ao Hotel. Digo-vos... nunca me senti tão desrespeitada! Mas enfim, nessa noite, quando me deitei com a Sónia na cama, tentei adormecer... estávamos em segurança, agora.
- Boa-noite - murmurei, mas já ela tinha adormecido...
No dia seguinte, acordei com o som do meu telemóvel a vibrar na mesinha de cabeceira. Uns segundos depois, o da Sónia começou a tocar também e ela levantou-se para atender.
- Estou? - disse ela, para o Tomás.
- Kuni? - disse eu, para o Rui.
- Sílvia, onde estás? Tenho andado a tentar ligar-te... e nada. - disse o Rui.
- Eu...? - estava nervosa, tinha-me esquecido de lhe contar da viagem! - Eu... não vais acreditar, mas estou com a Sónia em Tóquio...
- Quê?!
- Ouviste bem - respondi. A Sónia, ao meu lado, sorriu.
- Tu estás em Tóquio? E não me disseste nada? Quer dizer, pedes-me para ir morar para Cascais, para mudar a minha vida toda por tua causa e depois é isto? Vais para outro continente e nem me avisas? Nem me dás satisfações? Eu sou o quê, na tua vida, afinal? É que me parece que ainda não te decidiste sobre isso.
- Olha... foi tudo muito repentino. Estou aqui por causa da minha mãe. Preciso de falar com ela, ela enviou-me uma carta. É importante, não viria se assim não fosse... mas sim, peço desculpa por não te avisar. Foi um erro. - disse, o mais rápido que pude, corada.
- Ah... com que então está a correr bem por aí! Sim senhor... pois, olha eu ainda nem sequer me diverti... ontem à noite houve uma confusão... perdemos as bolsas... nem me lembro direito, já tinha bebido um pouco... sim, estamos a pensar voltar no final da semana...! - dizia a Sónia, ao meu lado.
- Bem... olha, Sílvia, eu gosto de ti. Muito. Mas compreende que tens de mudar um bocado a forma como encaras a nossa relação.
- Tenho, sei disso! - disse eu.
- Domingo à noite, os meus pais vêm cá a casa e querem conhecer-te. Que lhes vou dizer agora? Que foste para o Japão e eu não sabia disso, ontem à noite, quando lhes garanti que iam gostar de te conhecer?
- Depois quero ver essas fotos! - dizia a Sónia. - Sim... Okay, acho que chego a tempo... em tua casa? Tudo bem... Até Domingo, mal posso esperar!
- Diz-lhes que vou estar aí para o jantar e que levo presentes para todos - respondi, confiante. Sabia que o meu avião chegaria a tempo!
Desligámos as duas e fomos para a casa-de-banho fazer a depilação pois as minhas pernas estavam estranhamente cabeludas. Ela contou-me então que o Tomás a tinha convidado a, no Domingo à noite, jantar em casa dele e eu contei-lhe o que o Rui me disse.
- Conhecer os pais dele? Estamos a fazer progressos... - gozou ela.
Nessa altura, o telefone do quarto tocou pela primeira vez e como eu estava a depilar-me na banheira, foi a Sónia quem atendeu. Radiante, saltitou até à casa-de-banho.
- Era da polícia. Encontraram as nossas bolsas! - disse.

Claro que fomos logo a correr para o posto da polícia buscar as bolsas. Agradecemos aos agentes a amabilidade e eles disseram-nos que tivéssemos mais cuidado. Assim que saímos, contudo, vi-me num dilema: tinha prometido ao taxista que ia almoçar com ele, para lhe agradecer. Claro que eu não queria ir... mas pronto, prometi e a minha mãe ia ter que esperar mais um bocado. A Sónia ligou ao homem e marcámos encontro a três, para que eu não ficasse sozinha com ele... contudo, ele pediu, depois do almoço, para ir dar um passeio a sós comigo... a Sónia, sempre a troçar, lá me incentivou a ir e eu lá fui, enquanto ela ficou a palitar os dentes de forma sensual, excitando os adolescentes da mesa ao lado. Okay, o que se passou a seguir foi estranho, até para mim...
Primeiro, ele tentou pôr-me a mão no rabo, coisa que evitei dizendo que me doía da queda que dei durante a fuga. Ele então ofereceu-se para me fazer uma massagem, mas eu recusei e disse-lhe para se pôr à beira de uma árvore para eu lhe tirar uma fotografia - estávamos num jardim -, ao que ele obedeceu prontamente, sorrindo. Depois das fotos - não as tirei, claro, apenas fingi! -, continuámos a caminhar e ele quis saber detalhes da minha vida... pensei mentir, dizendo que vivia em Tóquio desde que nasci, mas assim ele estranharia o porquê de não falar japonês... inventei uma história que seria supostamente o meu passado e ele lá se deu por contente. Depois, começou a elogiar o meu cabelo, os meus olhos, as minhas mãos... e eu, já aborrecida, estava pronta para fingir que a Sónia me ligava a dizer para irmos embora... mas ele disse que adorava ouvir-me cantar, que eu devia ter uma voz fantástica... e sabem que eu nunca recuso um convite desses! Subi para um chafariz e comecei a cantar a "Passion", da Hikaru Utada, e todos os que passavam me ouviram.
- Sabes o que acabaste de cantar? - perguntou ele.
- Não faço ideia! - respondi, rindo-me... ele, contudo, não achou grande piada à minha ignorância e disse que já era tarde e que tinha de se ir embora. Estaria eu, Sílvia, ser rejeitada? Tinha de comprovar!
- Posso ligar-te para jantarmos, um dia destes?
- É... é melhor não. Foi um prazer! - que cabrão odioso, não vos parece? Pior para ele, não querer sair comigo.

Depois de contar à Sónia como tinha corrido o passeio, lembrámo-nos que talvez já fosse hora de irmos à minha mãe, fazer-lhe a tal visita... contudo, havia um problema: nem eu nem ela sabíamos falar japonês de forma fluente. Precisávamos de um tradutor... o taxista estava fora de questão pois, como se viu, não tinha vontade de me ver novamente... Lembrei-me então de que podíamos ir à Embaixada Portuguesa pedir ajuda, quando via um sem-abrigo comer os excrementos de uma pomba morta.
E fomos. O plano era o seguinte: a Sónia procuraria algum funcionário atraente, falaria um pouco de japonês para testar o seu conhecimento na língua e, caso ele respondesse atenciosamente, pedir-lhe-ia ajuda. Claro que aquilo estava cheio de gente que fala português - que alívio foi! -, pelo que me senti mais em casa - irónico, não acham? Então eu sentei-me num banco, olhando para a foto de ConiPiçi - por falar nisso, ele apareceu-me num sonho, ultimamente...! Dizia que estava no céu e que arranjou uma namorada, RataMastro...! - enquanto a Sónia, com os seus sapatos de tacão, se aproximou do balcão e falou qualquer coisa em japonês, com a máxima sensualidade possível. Uma hora depois, eu, ela e o funcionário, de nome Angelino, conversávamos, no exterior.
- Bem... hoje não vai dar - respondeu ele. - Adorava poder ajudar-vos mas trabalho até tarde... Amanhã estou de folga, se precisarem...!
Que caganita, eu que queria despachar aquele assunto o mais asiática e rapidamente possível! Enfim, claro que trocámos números, esperando que no dia seguinte ele nos ajudasse. Contudo, vimo-lo mais cedo: ele convidou-nos para sair à noite com ele, a um bar que, segundo o que dizia, íamos adorar...
- Aceitam? - perguntou. Nem é preciso dizer o que respondi! Mas Okay, para os burros: claro que fomos.

Passámos o resto da tarde enfiadas na casa-de-banho, falando sobre o Hugo e sobre o Tomás e queixando-nos de como seria difícil estarmos lá a tempo, no Domingo. Depois de tomarmos banho juntas, de termos pintado as unhas uma à outra e de termos falado um pouco com a Chique - a Bázita, claro - sobre como estava a correr a viagem, lá nos vestimos e fomos de encontro a Angelino. A princípio, estranhei ao ver uma mulher quarentona semi-nua a dançar numa vitrine, sob o letreiro do bar, mas pronto, ele dizia que íamos adorar, por isso lá ignorei esse pormenor e concentrei-me na forma como ele olhava para a Sónia. É que não parava de olhar para o rabo dela! Também, quem é que o pode condenar, hihihi, certo?
Era um bar de strip. Sim, leram bem, strip. Estavam lá dezenas de chinocas a babar-se para cima das japonesas que abanavam o rabo em cima da passadeira e suavam para cima do varão, emitindo sons de excitação. As notas, essas voavam em direcção aos soutiens delas... eu virei-me para a Sónia, que me olhou, horrorizada, como é evidente.
- A nossa mesa é ali - disse ele, sorrindo. - Reservei-a e tudo especialmente para nós. - E depois riu-se, tentando ser sensual, mas os dentes eram amarelos demais para isso.
Sentámo-nos mas era claro que eu e a Sónia estávamos desconfortáveis com a situação. Ela, com medo e já se tendo apercebido do interesse dele, estava sempre colada a mim, evitando as tentativas de engate dele. Angelino, por sua vez, arrotava a cada cinco minutos e contava piadas das quais apenas ele se ria. "Que nojo de homem...", pensei. Foi então que uma chinoca olhou para mim, lá do palco, e sorriu sensualmente enquanto fazia um gesto convidativo. O quê? Convidavam-me para ir dançar ali? No japonesa way...
- Vai! - incitava Angelino. A Sónia ria-se de mim, na altura...
- Okay, vamos as duas - garantiu-me, puxando-me pelo braço. - Assim livrámo-nos dele por um bocado, também... - continuou, enquanto nos dirigíamos para a passadeira.
Subimos, sendo aplaudidas pelos homens, que riam e levantavam as mãos no ar com notas. Eu e ela sorrimos sensualmente uma para a outra: tínhamo-los na mão... Começámos a dançar, enquanto as outras nos rodeavam, já quase nuas. Sónia fez vários movimentos sensuais, baixando-se muito perto dos clientes... eu aproximei-me dela, a certa altura, e sussurrei-lhe no ouvido que lhe ia puxar a saia para baixo. Ela, contudo, berrou que não, pois não tinha cuecas. Contudo, uma das chinesas aproximou-se também e puxou-lhe a saia, rapidamente, deixando-a nua em frente a todos. Digo-vos, nunca vi a Sónia tão nervosa...
Atirou-se à mulher, espancando-a violentamente e chamando-lhe nomes. Eu estava em choque, assim como todos que assistiam... A outra berrava, vendo Sónia rasgar-lhe as cuecas. Os seguranças, quando as duas se arranhavam mutuamente, lá intervieram e a "festa" acabou. Fomos expulsas do bar. Mas Angelino veio atrás de nós...
- Bem... que cena - disse ele. - Amanhã vou convosco, então?
- Sim. Até amanhã - respondi.
Depois, quando íamos para o Hotel, falei com a Sónia, que chorava, de vergonha... Eu comecei-me a rir, claro, e ela também, segundos depois.
- Foi divertido, ao menos, não achas?
- Só tu...! - disse ela, e rimo-nos.

No dia seguinte, Angelino encontrou-se na porta do Hotel à hora combinada, por volta das 11:30 da manhã. Tentou apalpar Sónia, reparei, mas ela desviou-se a tempo... que perverso! Bem, mas também só precisávamos dele para aquele dia, por isso havia que aguentar... Fomos então no carro dele - um carro de 1980 que cheirava como a minha casa-de-banho depois do meu avô passar lá a tarde com diarreia - até à morada que eu tinha num papel, da minha mãe.
- Estás nervosa? - perguntou-me Sónia.
- Um pouco - tentei ser forte. Claro que estava... ia ver a minha mãe, pela primeira vez na vida...! Estacionámos e, depois de eu pedir uns minutos antes de irmos, lá tocámos à campainha. Cinco minutos depois, uma mulher, ainda em pijama, abriu a porta, a sorrir... quando nos viu, contudo, a sua expressão mudou drasticamente, tal como a minha. Eu, sem saber o que fazer, dei alguns passos atrás e voltei as costas. Sónia aproximou-se de mim e agarrou-me as mãos.
- Diz-me que aquela não é a mulher que nos convidou ontem a dançar, lá no bar. - pedi, mas não precisava de confirmação nenhuma.
Fugi, claro, e nesse dia passei a tarde na cama, com a Sónia... Por tudo isto, cada vez mais chego à conclusão de que eu, Sílvia, a japonesa mais aportuguesada que já conheceram, não nasci para ser feliz...

Sunday, February 24, 2008

Destino - Tóquio: Parte 1


Oi fanáticos pela Si! Estou aqui alapada no tapete a beber SunQuick que a chique comprou e lasanha que a chique roubou. Brincava, claro. Mas estou, sim, a comer. Avançando... Bem, devem estar curiosos, devido ao nome do post, certo?! Hihi. Calma, conto-vos tudo. Mas, antes disso, tenho de começar este relato contando-vos como foi o meu dia de Carnaval.

Bem, estava eu sentada no sofá, a ler "Nem as mulheres são tão complicadas nem os homens são tão simples" quando, de repente, me lembro que o dia de Carnaval se aproximava. Dirigi-me à cozinha, onde a chique lia uma revista qualquer de design de interiores, e perguntei-lhe se sabia de alguma festa. A Bázita imediatamente me deu um envelope, deixando no ar um suspense que, caso fosse lésbica, talvez me seduzisse. Abri-o e vi que era um convite para a festa que a outra chique, a Fafa, iria dar em sua casa, dali a 2 dias. Lembrei-me então que não tinha máscara, e vim para o computador falar um pouco com a Mamatriz, que me dizia que se ia vestir de diaba para o namorado, enquanto pensava no que vestir. O Carnaval lá chegou, e nesse dia só me apetecia ser uma coisa... mulata.

Parece-vos estranho? A mim também. Mas a verdade é que, por influências musicais (adormecera, na noite anterior, a ouvir Rihanna), acordei naquela manhã a querer ter a pele de cor o mais escura possível. Matutei, enquanto fazia a depilação, no assunto... e eis que encontro uma solução. Vesti-me rapidamente e, meia-hora depois, estava à porta da casa da Fafa. Toquei, toquei... toquei... mas ela não vinha.
- Arre! - gritei, e atirei uma pedra à janela do quarto dela... por descuido meu, nao reparei que era tão grande, e ouviu-se o estrondo do vidro a partir.
"Hihihi, espero que não me bata", pensei, e vi-a vir à janela. Pareceu-me furiosa, assim de repente.
- Olha foste tu?!!!! - berrou ela.
- Vê aqui mais alguém? - retorqui. - Dah!

Ela desapareceu momentaneamente da janela e eu fiquei curiosa em relação ao motivo da demora em vir novamente falar comigo. Apareceu então à porta, com um relógio na mão, detalhe que me intrigou.
- Estás a ver as horas?! - perguntou, quase me enfiando o relógio pelo olho a dentro. - Uma chique como eu precisa do seu sono de beleza. São 7 da manhã, que fazes tu aqui? Ainda por cima, tenho uma festa para logo...!
- Estava com insónias - respondi. - Mas aceito um café, claro.
Tentei entrar, auto-convidando-me, como repararam, mas ela barrou-me a passagem.
- Ok... ok... pronto, é sobre a festa que lhe venho falar.... - ela olhou-me, impaciente, e senti necessidade de ir directa ao assunto. - Será que me podia fazer quatro taças de mousse, para o meio-dia? - perguntei.
- Rua daqui, já. Tenho mais que fazer! -gritou. Mas depois voltou. - Liga à Fifi, penso que ela fez ontem à noite. Ou melhor... não ligues. - olhou-me, provocadora. Tentava seduzir-me? - Ela não te dava...
- Então?!
- Haverás de chegar lá - e piscou-me o olho. - Quanto ao vidro... não penses que te escapas. - disse, e fechou a porta.
Estava, oficialmente, num dilema. Como iria eu conseguir arranjar vestido/forma de ir de mulata? Olhei em volta e vi um cão a defecar no jardim de uma das casas... e aí tive uma ideia: ir à casa da Fifi, à socapa, e roubar-lhe um pouco de mousse. Decerto que ela não daria conta.

E fui. Da casa da Fafa até à dela eram, a pé, uns 10 minutos, pelo que rapidamente cheguei lá. Quando ia atravessar o portão, vi-a sair de casa... que ia fazer ela, tão cedo?! Abordei-a, cumprimentando-a. Ela cumprimentou-me novamente com um sorriso e rematei:
- Fifi... você tem a pele tão escura! Fascina-me, até. Só queria era saber como consegue...!
- É natural...
- Ai não me diga que é escurumba!
- Perdoa-me...?!
- Sabe, africana e tal...
- O meu bisavô era, sim.
Fiquei mais vermelha do que uma salsicha, claro, de me rir. Foi então que lhe fui sincera:
- Olhe... eu queria ir de preta, hoje, lá pró Carnaval... pode ajudar-me?
- Não vejo como!
- Que tal se me desse uma daquelas mousses que fez ontem...?
- Ah... pode ser, então.
Ela deu-me as mousses, delicada, e consegui que ela me desse boleia até à casa da Bázita. Uma vez lá, enfiei-me na casa-de-banho, de onde só saí ao final da tarde, para atender o telemóvel, já totalmente coberta de mousse que entretanto tinha secado completamente com a ajuda do secador. Era o Rui.
- Oi amor...
- Sílvia... olá...
- Sempre me vens buscar, hoje?
- Pois... olha, não vai dar. Houve um acidente entre um carro e uma camioneta, há minutos, e estamos à espera dos feridos, que vão chegar daqui a pouco. Desculpa, Sílvia.
- Okay... mas vemo-nos amanhã, ou assim?
- Claro. Desculpa. Amo-te.

Enfim, ele nunca pode. Já reparam? Fiquei triste, um pouco, claro, mas logo me animei e fui para casa da outra chique. Lá, senti-me bastante sozinha, visto que elas, a certa altura, já não estavam lá na sala principal... e eu não conhecia ninguém por ali. Peguei num copo, noutro, e noutro. Depois, subi para uma mesa e estava já a sentir-me tonta ao mesmo tempo que dançava. Conseguia ouvir comentários como "olha-me aquela preta!", e senti-me bem por isso. Foi então que olhei para o lado e vi o Veterinário, vestido de lobo. Sorri, tentando ser sensual...
- Já bebeste de mais, não, Sílvia?
- Um pouco!
Com a ajuda dele, desci para o seu lado e fomos então até à entrada da casa. Tentava engatar-me? Reconhecera-me, contudo, ele, e isso chateou-me um bocado.
- Então... o teu namorado?
- Está a trabalhar...
- Que faz ele?
- É médico...
- Oh! Sei como é, então.
- Não sabes...
- Deve ser cansativo para ti.
- Às vezes...
Sorri, enquanto apreciava a companhia. Nesse momento, as chiques passaram, e tive que me afastar... mas logo continuámos a conversa... Fiquei a saber que se chama... Leonel? Ou Leonardo? Não me lembro direito, é verdade, mas não interessa muito, também, que gosta de animais - dah, é veterinário - e que, de momento, estava solteiro. Nessa noite, quando me levou a casa, tentou ficar com o meu número... e conseguiu, claro.
- Liga-me, depois!
- Claro - respondeu.

No dia seguinte, quando acordei, eram já 4 da tarde. Arrastei-me para fora da cama e vi a chique a fazer jardinagem.
- Bom-dia...
- Tens correio, Sílvia! Procura em cima da mesa, na cozinha.
Curiosa, fui até à cozinha e lá descobri uma carta escrita em caracteres estranhos... mas a coisa ficou ainda mais estranha quando vi de onde vinha: Japão.

Abri-a, admirada, e logo descobri uma página totalmente escrita e sobre a qual eu nada percebi. Liguei à Sónia, perguntando-lhe se tinha sido uma brincadeira dela, e, uma vez que ela me garantiu que não, pedi-lhe ajuda.
- Olha, ó burra... e se viesses cá ao Porto e mostrasses ao teu tio? Ele é japa, vai perceber, acho.
- Sim, boa! Não sei como não pensei nisso antes!
- De quem é, já agora?
- Ai...
- Que foi?
Era a primeira vez que eu olhara para o nome do remetente.
- É da minha mãe - respondi.

No dia seguinte, seguindo a sugestão da Sónia, fui de autocarro até ao Porto. Quando lá cheguei, saudades inundaram o meu coração... como estava tão semelhante, aquela cidadezeca, e ao mesmo tempo tão diferente! Olhei para o lado e reparei num homem, idoso, que cuspia para o vidro. Que visão...! Ele olhou para mim e sorriu. Virei logo a cara, assustada.
Assim que saí do autocarro, vi a Sónia. Corri para ela e abraçamo-nos.
- Estás mais gorda ou é de mim?! - foi desta forma que me cumprimentou, rindo-se.
- É de ti!
Depois de uma conversa breve sobre pesos, balanças e comida, apanhámos um táxi rumo à casa do meu tio. Durante a viagem, ela pediu-me que lhe mostrasse a carta e, assim que a viu, riu-se.
- Vamos mesmo precisar da ajuda do teu tio!
Chegámos por fim à casa do meu tio e, depois de conseguirmos um pequeno desconto do taxista por lhe revelarmos a cor da roupa interior que usávamos - mentimos, claro -, lá entrámos. Ele veio à porta e, tentando ser charmoso, logo nos convidou a entrar.
- Então, o que vos traz aqui? - perguntou ele, minutos depois, escondendo debaixo do sofá umas revistas menos decentes que lá tinha.
Mostrei-lhe a carta.
- Precisávamos de uma tradução...
- Por favor - ajudou a Sónia.
- Claro, faço tudo pelas minhas meninas! - e começou a ler.

Não me lembro de toda a tradução e inventaria se a tentasse reproduzir aqui, pelo que vou apenas dizer o mais importante: aparentemente, "aquela" lembrou-se que, há 21 anos, deixou uma filha no mundo, e queria agora estabelecer contacto comigo, pedindo-me que a visitasse o mais brevemente possível na morada assinalada. Reparem... ela queria que eu a visitasse! Eu. Enfim, claro que fiquei um pouco constrangida mas, depois de passar algumas horas a falar com o meu tio e a Sónia, fiquei um pouco reticente... se calhar a minha mãe valia o esforço. Se calhar!
Nessa noite, decidi ir visitar o Rui ao hospital. Apanhei novamente um táxi e fui até lá. Sentei-me num banco, esperando vê-lo... e foi então que o vi. Deviam ver, meus friends, a cara dele! Impagável!
- Sílvia? - perguntou, animado.
- Eu mesma!

Levou-me para o seu apartamento, onde jantámos à luz das velas. Contei-lhe o que se tinha passado e ele ficou bastante curioso.
- Que vais fazer?
- Ainda não sei...
- Quando souberes...
- Digo-te, claro.
Depois, fomos para o quarto... e, enfim, essa parte não vos interessa, estou certa!

Dois dias depois, voltei para Cascais, já decidida: eu iria visitar a minha mãe. Só não sabia era como arranjaria dinheiro para a viagem! A Sónia dissera-me:
- Se quiseres... eu vou contigo.
Mas não, acham? Já ia ser difícil arranjar dinheiro para uma, quanto mais para as duas... Enfim. Nessa tarde, estava eu a sair do banho, nua pelo corredor, quando me deparo com o marido da chique! Envergonhada, tentei tapar-me, e ele fugiu para o seu quarto com o cofre na mão. Foi então que eu tive uma ideia: roubaria o dinheiro à chique para a viagem!

Passei a tarde toda a organizar um jantar romântico para ela e para o marido, de forma a que os mantivesse distraídos o tempo suficiente para eu descobrir o cofre lá no quarto e tirar de lá o dinheiro. Quando os dois chegaram, à noite, eu estava já na cozinha a acabar os últimos detalhes.
- Venham cá! - gritei.
Ficaram muito admirados quando viram a mesa que eu preparei ali. Adorei, claro, a reacção, e logo lhes disse:
- Vá, sentem-se!
- Já jantámos... - disse ela.
Ora com esta é que eu não contava! Perdi ali horas da minha vidinha, para agora aquilo?
- Ah, mas não interessa! Têm de provar esta receita! Vá... sentem-se e deliciem-se! Estarei lá em cima e não vos quero ver fora desta divisão até daqui a uma hora... pelo menos! - despedi-me e pisguei-me rapidamente para o andar de cima.
Tinha pouco tempo para encontrar o dito cofre. Asiaticamente, comecei a pensar onde estaria escondido, mas logo me vi a revirar tudo o que era gaveta ou móvel. No fim, quando o encontrei, debaixo da cama, tive a sorte de já ter encontrado a chave, entre as cuecas do marido da chique. Abri-o, lentamente, e de lá retirei 1000 euros. Foi então que ouvi a porta atrás de mim fechar-se, bruscamente, e logo me assustei...
- Sílvia, que estás a fazer? - era a chique.
- Eu... eu... - comecei. Mas não havia desculpa que pudesse dar!
- Senta-te aqui ao meu lado - pediu ela, sentando-se na cama. Obedeci, pois temia o que me poderia acontecer.
- Olha... eu sei da carta - começou ela. - Eu li-a. Sim, sei que é rude e un-chique, mas não resisti...
- Ou? E compreendeu?
- Mas é claro. Eu passei uma temporada da minha vida em Tóquio, quando era mais nova. Na verdade, foi lá que conheci o Henrique...
- Ah, não pode!
- Pode, sim... mas voltando à carta... podias ter pedido, Sílvia. Bastava vires ter comigo e explicares-me a situação. Não precisavas de roubar.
Comecei a chorar - graças a Buda que tive aulas de teatro! - e pedi desculpa. Ela logo me disse:
- Podes ficar com o dinheiro, mas para a próxima já sabes... por favor, só te peço honestidade. Vá, amanhã vou contigo comprar o bilhete.

Assim que a consegui despachar, fui para o meu quarto e liguei à Sónia, que me chateou com perguntas como "Em que dia vais?" "A que horas?". Enfim, lá respondi, vendo o site da TAP, e fui dormir. Quatro dias depois, estava eu a sair de casa com a chique, pronta para ir apanhar o avião para Tóquio quando, ao sair... vejo Sónia.
- Que fazes aqui?! - ladrei.
- Olha, pensavas que ias sem mim? Não, não... Querias! Vou contigo... vamos as duas arrasar Tóquio, 'miga! - gritou, mais galdéria do que nunca.

Lá fomos para Lisboa, até ao aeroporto. Depois que a chique da Bázita nos deixou lá, foi-se embora e nós dirigimo-nos até ao café para comprar alguma coisa para beber antes de levantarmos voo. Depois de comprarmos Coca-Cola's, sentámo-nos num banco a conversar... e foi então que ouvi uma voz feminina, atrás de mim, que me era familiar. Voltei-me e vi quem era...
- Cátia?! Que fazes por aqui? - indaguei, fingindo um sorriso amarelo, claro. A Sónia virou a cara, não sei porquê, e ignorou-a.
- Sílvia...! Bem, vou apanhar um voo para o Brasil, para umas mini-férias de repouso e descanso em Minas Gerais. E vós? Oi Sónia! - disse, chamando a atenção dela.
- Ah, nós vamos ao Japão. Passar uns dias lá e tal... vais sozinha? - perguntei, rindo-me por dentro.
- Claro que não! - gritou, quase. - Vou com o meu namorado.
- Ah sim? - tive de me esforçar para conter o riso. - E onde está ele?
- Estás a ver aquele ali à beira da máquina dos sumos? -apontou, e tanto eu como Sónia olhámos.
Era o filho da Bázita que ali estava, a bater na máquina, tentando tirar de lá um Ice-Tea. Mas não podia... aquele, a namorar com a Cátia? Que falta de gosto! Antes que eu ou a Sónia pudéssemos dizer alguma coisa, ele aproximou-se até nós e a Cátia logo colocou o braço dele à volta do seu pescoço. Ele, como pude ver, estranhou o gesto... estranho!
- Olá, Sónia...! Então, não tinhas dito que não podias vir? - estava confusa. De que falavam?!
- Disse... e não vou. Vou acompanhar a Sílvia ao Japão, vamos visitar a mãe dela...
- Ah...! - parecia desanimado.
A Sónia nada mais disse, e eu pude compreender porquê. Mas logo perguntei:
- Então... já namoram há muito?
A Cátia ficou pior que sei lá o quê. Ele olhou-me, confuso.
- Quem...? - ele tirou o braço de cima da Cátia.
- Ai...! A Cátia acabava agora de nos contar que ia com o namorado até Minas Gerais...!
- Sim... pois dizia. - ajudou-me a Sónia.
- Não! Nada disso! - desmentiu a Cátia. - Eu apenas dizia que ia a Minas Gerais! Vou eu, o Tomás, e uns colegas nossos lá da turma... é para um trabalho de arquitectura, vamos ver uns edifícios! Devem ter ouvido mal!
- É, devemos... - disse a Sónia, irónica.
Logo uma voz nos chamou para apanharmos o avião, e pude entender que nem a Sónia nem o Tomás apreciaram muito isso.
- Gostei de te ver...
- E eu a ti. - respondeu ela, com dor na voz. Romance?!
Lá fomos para o avião. A Cátia, essa não podia estar mais feliz de nos ver a ir embora! Lá, rimo-nos da Cátia, que, enciumada... tentava vingar-se da Sónia, aparentemente.
Tínhamos até dó dela... vocês não?
Ai... andar de avião... tão estranho! E assustador, também! Mas gostei. Depois de muitas horas ali, a criar raízes nos bancos, lá chegámos a Tóquio.
- Party! Party!!! - gritou a Sónia, saindo do avião. Pensaria ainda em sair naquela noite? Enfim, não interessava... tínhamos chegado!

Friday, February 15, 2008

Não desesperem!!!


Sim, eu sei, eu estou a ser uma chinoca-feia ao não postar. Mas a verdade é que... tem acontecido muita coisa!! Sim, não se preocupem: eu, Sílvia, passei para o 3º ano de Medicina! Estudei com a ajuda do Rui e consegui passar. Mas enfim, muita coisa está a acontecer neste momento, coisas que vou tentar relatar o mais brevemente possível. Esperem pelos últimos posts desta 2a temporada (em que estive algo ausente, coisa que, espero, não acontecerá na 3a temporada). Beijos asiáticos como só eu consigo dar, adoro-vos!

Sunday, January 27, 2008

Um clube *restrito*


Na foto - eu no McDonald's, no dia em que conheci o Rui. Saudades! ;(

Bem, mas deixemo-nos de lamechices amorosas e passemos a outros assuntos. Apesar dos meus dedos ainda estarem doridos por causa do relato de ontem, hoje quero voltar a comunicar convosco, desta vez para vos contar toda a história por detrás do famoso Clube das Bêbadas, um clube secreto do qual poucas conseguem, algum dia, fazer parte. Continuem a ler.

Tudo começou em 1995, tinha eu 8 anos e acabava de chegar a uma nova escola. Vivia com os meus avós, já separada da minha mãe que, como já vos contei, fugiu para o Japão porque estava cá clandestina... O meu pai estava, como imaginam, na prisão, provavelmente a ter sexo anal com outros prisioneiro pela altura da primeira vez que eu irrompi pela sala de aula e troquei olhares com a Sónia. Feia, magra, sem-mamas, ela era apenas uma maquete do que é agora, digo-vos, tudo se afigurava para que nós fôssemos inimigas: quem é que não invejaria uma beleza e inteligência como a minha, naquela escolita? A Sónia seria apenas mais uma a odiar-me, a invejar-me, enfim, acho que percebem a ideia!

Mas não. Em vez disso, uma vez quando eu estava lá na cantina a comer, sozinha, ela veio sentar-se e dividiu o almoço dela comigo. Aí, começámos a falar, a rir, a conversar, e quando dei por mim estava, um mês depois, deitada na cama dela com duas amigas nossas - a Flayoko (nome japonês, seus ignorantes) e a Susana a engendrar planos contra os rapazes e a jogar jogos invocando espíritos - nem vos falo da vez que invoquei Buda, e ele me disse que ia ser Miss Japão...! Enfim, ficámos amigas as quatro e fizemos pactos asiáticos, prometendo uma amizade duradoura.

Hoje, contudo, desse clube só eu e a Sónia restamos. As outras foram para escolas e cidades diferentes, deixaram de manter contacto - soube até por uma amiga que a Susana se casou e que a Flayoko ponderava uma operação de mudança de sexo. Claro que eu e a Sónia conseguimos manter esta amizade graças a fortes e bêbados laços que nos unem, não fôssemos eu e ela as perfeitas amigas. É por isso que, agora em Cascais, sinto saudades dela - muitas, ela era a minha família, afinal. É por isso que pondero a infeliz escolha de voltar para o Porto, abandonar esta terra de riqueza e sol. Ah, calma, estão a ligar-me, já continuo!

Ai... ai cruzes. Perdão... ai qualquer-coisa-que-os-budistas-usem. Era o meu pai, dizendo que se quer encontrar comigo. Cheia de medo, menti, claro, dizendo que me mudei para a Tailândia com os meus avós! Enfim, que horror de pai aquele. Calma estão a tocar à campainha - a chique foi sair com o marido, e eu fiquei aqui, sozinha, calma. AI MEU... ai. O pc ficou ligado por várias horas, enfim, passei a tarde fora! Era o Rui. Não sei como---, ele veio até cá. Fazer o quê?, pensam vocês, dado que ele me tinha feito um ultimato! Mas olhem, enfim, eu fui lá a tremer ao encontro dele e fiz-me de forte, dizendo apenas "olá". Ele disse "Olha, precisamos de falar, podemos ir dar um passeio?" e eu "Não", claro, não ia dar passeio nenhum com ele. "Olha, Sílvia, deixemo-nos de jogos. Eu amo-te, e tu amas-me, eu sei disso. Já temos um passado juntos, quer queiras quer não. Por isso, explica-me: que vamos fazer?".

Beijei-o, enfim, beijei-o. Não sabia o que fazer mais. Entrei no carro e passámos a tarde toda a andar de carro, a namorar e a cantar. Foi então que, quando parámos, reparei onde ele me levara: àquela casita no meio da serra, sabem, onde nós tivemos uma escapadela romântica? Quando me apercebi, chorei. Digam-me, quando é que eu alguma vez podia ter comparado uma cadela com um namorado destes? Só podia estar doida.

- Muda-te para Cascais - pedi, quando ele me deixou aqui ainda há minutos.

Friday, January 25, 2008

Uma noite difícil

Oi leitores...! Perdoem-me a minha ausência - sei que foi sentida! - mas, mal ouvirem os motivos que a antecederam, decerto a compreenderão. Vêem aquele sorriso asiaticamente tímido e ao mesmo sedutor? Vêem-me ali, esbelta e determinada? Pois, há um mês que não consigo sorrir assim. AH, CALMA, que já me esquecia: aproveito para agradecer a todos os meus fãs que comentaram o blog, tecendo elogios à minha pessoa. Sim, não sou a das fotos de grávida, chinocas... pensavam que era? Quem me dera :(. Mas gostei de ler os vossos comentários, dizendo que eu daria uma boa escritora. Faço o melhor que posso, só para vocês! Mas deixemo-nos de tretas e vamos ao que interessa, mas é.
*

O dia chegara, por fim, em que eu actuaria na festa de Cascais ao lado de Lola. Sexta-feira, dia 21 de Dezembro, seria o dia - ou, melhor, a noite - em que eu actuaria pela primeira vez em frente ao grande público. Segundo a Susana, organizadora da festa, eram esperadas duzentas pessoas no recinto - 200! É claro que, animada como estava, não me contentei em guardar a boa-nova para mim: enviei e-mails a toda a gente, liguei a todos os meus contactos, enfim, todos ficaram a saber - mal sabia eu que, ao fazer isso, estava, inconscientemente, a fazer algo contra mim.
Os ensaios haviam corrido bem e eu e Lola iríamos cantar três músicas: "Time After Time", Cindy Lauper; "Sorry", Tracy Chapman; "You Send Me", Aretha Franklin. Tínhamos decorado as canções, as coreografias, enfim, tudo. Estávamos prontas para arrasar.

Tinha, claro, combinado o Rui, que me disse que vinha sem falta. Na Sexta feira ao fim da tarde, enquanto experimentava vestidos com a Mamatriz e Vanessa - que, entretanto, criaram um clube de fãs no hi5, que podem aceder por aqui - liguei ao Rui para confirmar.

- Desculpa, não posso - disse-me ele, claramente triste. - Vou trabalhar até tarde, hoje.
- Olha, vai pastar, mas é. Nem namorado sabes ser! - ladrei eu, e desliguei no focinho dele, zangada. Digam-me, aquilo é um namorado? Mais vale ter uma cadela.

Depois dessa discussão, nem liguei mais aos vestidos, deixei-me levar pelo péssimo gosto das minhas duas novas amigas. Meia-hora depois, saíamos da loja, e quem vejo à minha espera, de óculos de sol, com um bronze digno de um Verão passado na Coreia (do Sul, lógico)?
- Galdéria!!!! - gritei, aos saltos de alegria.
- Sílvia! Então? - disse-me, abraçando-me. - É esse nojo de vestido que vais levar para a festa? Por Buda, vamos lá para dentro tratar dessa roupa.
Nesse instante, os olhos bissexuais da Vanessa estavam, como Mamatriz e eu pudemos reparar, colados no decote da recém-chegada, que, ao dar-se conta, sorriu.
- Sou a Sónia, já agora.

A Sónia tinha vindo! Ao menos ela, não é, para compensar a possível ausência do Rui (smiley asiático: -.-). Entrámos novamente na loja e, as quatro, animadas, escolhemos vestidos para todas. É claro que, sempre que a Sónia ou eu (a Mamatriz é feiosa) estávamos de lingerie, prontas para experimentar outro vestido, a Vanessa não tirava os olhos dos nossos corpos. Tanto que, no final disso tudo, à saída, ela convidou a Sónia a sentar-se na mesa delas.
- Claro. Pensavam que me ia sentar no chão, como uma chinoca, não? - disse, a rir-se. - Sem ofensa, Sílvia.

Fomos para o recinto. Era já de noite, aquilo estava cheio e eu... eu estava atrasada. Corremos lá para dentro do grande salão e, enquanto elas se foram sentar por entre as muitas dezenas de convidados, eu fui até ao camarim, onde encontrei Lola, que me berrou por estar tão atrasada. "Era suposto termos ensaiado um pouco, hoje", gritava ela, e eu estava mais nervosa que um rato a ser perseguido por uma ratazana. Susana entrou ali e sorriu.
- Arrastem-me esses rabos para o palco e cantem - disse. - Têm 10 minutos.
10 minutos, disse ela. Fui rapidamente à casa-de-banho, subitamente tomada por uma sensação desconfortável na barriga. Andei perdida pelos muitos corredores daquele salão, até que encontrei a casa-de-banho - na verdade, a minha urgência era tão grande que ignorei ingenuamente o sinal de "Fora de Serviço" colado à porta (dah, a porta estava aberta, nada dava a entender que assim o era...! Fiz o que tinha a fazer - não querem que vos diga o tamanho, cor, cheiro e outros detalhes do que deposito na sanita, pois não? - e só quando saí reparei que não havia água ali (nunca uso o autoclismo, daí não ter percebido antes). Enojada pelo cheiro ali dentro, corri para a porta e tentei abri-la, em vão: faltavam uns escassos minutos para actuar e estava trancada lá dentro. Em suma: o horror.

Gritei, berrei, ladrei, esganicei, sem resultados. Depois, arranhei e pontapeei a porta com toda a força. Por fim, voltei a pedir socorro, já deitada no chão a chorar. "Socorro... Socorro... ConiPiçi... protege-me..." murmurava eu, sentindo o chão frio a estragar-me o vestido. Levantei-me e bati fortemente na porta, esperando que alguém estivesse a ouvir. Mas não, estavam todos no salão principal, à espera da minha actuação. E eu ali. "Socorro!!!!!!!!", gritei novamente, e foi então que ouvi uma voz do outro lado.
- Sílvia? - perguntou, uma voz estranhamente familiar.
Espreitei pelo buraco da fechadura e quem vi, para meu choque: Cátia. Digam-me, como é que aquela caganita de égua estava ali? Pois, era fácil de explicar: vira o e-mail que lhe mandei (propositadamente, para lhe fazer inveja hihihi), e vinha tentar arruinar o meu dia. Mas, naquele momento, era a única pessoa que me podia ajudar a sair do esgoto - literalmente falando.
- Ajuda-me, estou trancada...! - berrei. - Por favor!
Por aquela altura, ouvia já os aplausos das pessoas a seguir à voz da Susana anunciar os nomes "Lola" e "Sílvia". Fiquei ainda mais horrorizada... não ia chegar a tempo!
- Ajuda-me, cabra!
- Okay, espera um pouco - disse ela, e ouvi os seus passos afastarem-se.
Contudo, nos minutos que se seguiram, estive ali sozinha, abandonada. Aquela cabra, em vez de me ajudar, não ia fazer nada. Espreitei novamente pela fechadura e foi então que vi uma das chiques - a Fifi - aproximar-se, seguida por um homem. Escutei com atenção, antes de dizer algo. "Romance?", pensava para mim, esquecendo por momentos a situação em que me encontrava.
- Eu tenho um marido...! Isto nunca podia resultar... Por favor, vai-te embora. Não me procures mais...! - gritava ela, enquanto andava pelo corredor. Mas o homem não a largava!
- Filipa, eu amo-te. Tu não me amas? - e pela voz, pude perceber que era o veterinário, de quem falei anteriormente.
- Já te disse que não! - disse ela, quase a chorar. Que burra, negar um pão daqueles? Se fosse comigo, estávamos já no chão, nus.
Foi então que ele a agarrou e beijou-a. Um beijo ardente, longo, que por segundos me excitou. Mas ela acabou por largá-lo e bateu-lhe com a mala.
- Agora vou ter de retocar o batom! - gritou ela, e afastou-se dele.
Ele não insistiu mais, nem podia: nesse momentos, as outras chiques chegaram ali àquele corredor, claramente alarmadas. A Fifi, podia ver-se, estava nervosa. Pude reparar nos olhares que ela e Fafa trocaram mal se viram, olhares de quem diz "Sei o que andaste a fazer, malandra". Já a Bázita, essa parecia estar a evitar pensar no assunto, e limitou-se a dizer:
- Fi, rápido. Precisamos de encontrar a Sílvia, ela desapareceu!
Bati então na porta, berrando que estava ali, e todos ficaram espantados.
- Ajudem-me!!!

Enquanto eles olhavam, intrigados, para a porta, a ver como me resgatariam daquela cena - fazia figas para que fosse o veterinário a tomar iniciativa, para que assim me pudesse atirar a ele e gritar "meu salvador!", mas, para meu desgosto, quem tomou iniciativa foi a Fafa.
- Esperem, jóias, tive uma ideia - disse ela, tirando um dos brincos, e os outros olharam-na enquanto ela punha a parte aguda do brinco na fechadura. - Que foi? Pensavam que eu fugia de minha casa como, nos anos 80?
A porta abriu-se, por fim! Saltitei japonesamente de alegria, abraçando toda a gente - todos excepto a Fafa, que me disse que lhe ia sujar o vestido -.-.
- Quero cantar! - gritei, feliz.
- Não com esse vestido - disse a Bázita. - Fá, tu vai avisar o público do ocorrido.
- Certo!
- E, Fi, tu vais emprestar o teu vestido à Sílvia. - disse ela, e eu ri-me por dentro, vendo que aquele belo vestido me serviria na boa.
- Quê? - disse a Fifi, perturbada. - E vou com o quê?
- Esperas nos camarins.
- É que nem penses!
- Olha, desculpa lá, mas sem vestido ela não vai actuar, não achas?
- E por que é que não lhe emprestas tu o teu vestido? Que lata un-chique a tua!
- Acaso preferes que conte ao teu marido o que se passou agora? - disse a Bázita, quase a sorrir.
- Olha, uma chique não diz palavrões nunca, como sabes, mas agora diria um. - disse ela, despindo o vestido, a revelar um corpo quarentão que me vi secretamente a invejar. - Toma, pega o vestido. Não precisas de recorrer a chantagens para isso. Fica com ele. - continuou, dando o vestido para a mão da Fafa, já em langerie, para encanto do veterinário. - Quando é que a nossa amizade chegou a este ponto, Bá? Sinceramente! Boa-noite a todos. - e saiu, novamente seguida do veterinário.
- Credo... - disse a Fafa, depois de um silêncio prolongado.
A Bázita deu-me, por fim, o vestido, e disse:
- Tenho de falar com ela, desculpem! - e foi a última vez que vi quer Bá, quer Fifi, quer Veterinário, nessa noite.

Depois de ajudada pela Fafa no que tocava ao vestido- fiquei linda, depois mostro foto -, corremos as duas para o salão principal. Por esta altura, passava já meia-hora desde o momento em que eu supostamente devia ter actuado e as pessoas começavam a ficar impacientes. Foi então que eu fiquei chocada, ao ver a solução de última hora que Susana arranjara: no palco, Lola e Cátia preparavam-se para cantar, com os microfones nas mãos. Só Buda (e ConiPiçi) sabe a raiva que senti naquele momento. Aquela cabritona tinha vindo para ali estragar-me a vida, como sempre fazia!!!
Caminhei rapidamente por entre as mesas, vendo as luzes a apagar-se, pronta para tomar o lugar que era meu. Contudo, não habituada àqueles sapatos, tropecei sem querer no vestido e, num ápice, estava já derrubada sobre uma mesa, com o decote voltado para um cinquentão. Nesse momento, tinha todas as atenções voltadas para mim, horrormente! Não, não, não. Estava tudo a correr mal! Não, eu devia era estar no palco, a cantar. Levantei-me, com a ajuda da Fafa, enquanto ouvia a multidão a rir-se da minha desgraça. Claro que, como imaginam, eu não ia cantar, depois daquilo tudo.
Começava eu a andar para trás, porém, quando vejo a Sónia ali à minha frente.
- Vai cantar, vacazola, ou vais arrepender-te - disse-me ela, zangada, e depois gritou para toda a gente - Esta aqui é a Sílvia, não aquela ali em cima. Esta é que vai cantar!
Todos olharam para Cátia, que, com vergonha, se refugiou nos bastidores do palco. Estava tudo a melhorar, felizmente! Subi para lá para cima e, confiante, olhei para Lola. Assim que tudo se calou, começámos a cantar. Arrasámos, claro, com aquela gente .Chique, habituada a ouvir grandes vozes - na primeira canção. Nas outras duas, porém, fomos um nojo autêntico: eu enganei-me várias vezes na letra, a Lola esquecia-se da coreografia. Enfim, digamos apenas que as palmas que ouvimos depois foram mais de pena do que outra coisa! Mal saí do palco, chorei. Aquela tinha, sem dúvida, sido uma noite para esquecer. Mamatriz e Vanessa felicitaram-me, dizendo que apesar de tudo tinha estado bem. A Fafa disse que eu podia esquecer a minha carreira como cantora e a Sónia abraçou-me e disse que me levava a casa.

Lá fora, ela confortava-me enquanto íamos para o carro. Mas nada adiantava! Quando lá chegámos, para meu espanto, vi Rui sentado em cima do capô do carro dele, olhando-me. Parecia triste! Corri para ele, enfim, esquecendo a noite de nojo que tive: o meu namorado estava ali! Abracei-o, beijei-o, mas ele estava silencioso, passivo.
- Correu bem? -perguntou.
- Oh, não importa. Estás aqui!
Ele ficou calado, depois de acenar a Sónia e de sorrir para ela, como quem diz "engraçado ver-te aqui". Depois, ficou inexpressivo, até que falou:
- Olha, Sílvia... é assim, eu não sei se aguento isto. Estamos muito longe, enfim, não dá para mim. Se continuares em Cascais, acho que é melhor acabarmos. Para isto, mais vale ter... hum, nada. - disse ele, e eu pensaria "uma cadela?", se não estivesse a chorar. O boizana estava a dizer-me para escolher entre ficar entre os chiques e voltar para o Porto. Enfim, nem respirava quase. Ele foi-se embora e eu fiquei ali, a chorar, abraçada à Sónia.