Friday, January 25, 2008

Uma noite difícil

Oi leitores...! Perdoem-me a minha ausência - sei que foi sentida! - mas, mal ouvirem os motivos que a antecederam, decerto a compreenderão. Vêem aquele sorriso asiaticamente tímido e ao mesmo sedutor? Vêem-me ali, esbelta e determinada? Pois, há um mês que não consigo sorrir assim. AH, CALMA, que já me esquecia: aproveito para agradecer a todos os meus fãs que comentaram o blog, tecendo elogios à minha pessoa. Sim, não sou a das fotos de grávida, chinocas... pensavam que era? Quem me dera :(. Mas gostei de ler os vossos comentários, dizendo que eu daria uma boa escritora. Faço o melhor que posso, só para vocês! Mas deixemo-nos de tretas e vamos ao que interessa, mas é.
*

O dia chegara, por fim, em que eu actuaria na festa de Cascais ao lado de Lola. Sexta-feira, dia 21 de Dezembro, seria o dia - ou, melhor, a noite - em que eu actuaria pela primeira vez em frente ao grande público. Segundo a Susana, organizadora da festa, eram esperadas duzentas pessoas no recinto - 200! É claro que, animada como estava, não me contentei em guardar a boa-nova para mim: enviei e-mails a toda a gente, liguei a todos os meus contactos, enfim, todos ficaram a saber - mal sabia eu que, ao fazer isso, estava, inconscientemente, a fazer algo contra mim.
Os ensaios haviam corrido bem e eu e Lola iríamos cantar três músicas: "Time After Time", Cindy Lauper; "Sorry", Tracy Chapman; "You Send Me", Aretha Franklin. Tínhamos decorado as canções, as coreografias, enfim, tudo. Estávamos prontas para arrasar.

Tinha, claro, combinado o Rui, que me disse que vinha sem falta. Na Sexta feira ao fim da tarde, enquanto experimentava vestidos com a Mamatriz e Vanessa - que, entretanto, criaram um clube de fãs no hi5, que podem aceder por aqui - liguei ao Rui para confirmar.

- Desculpa, não posso - disse-me ele, claramente triste. - Vou trabalhar até tarde, hoje.
- Olha, vai pastar, mas é. Nem namorado sabes ser! - ladrei eu, e desliguei no focinho dele, zangada. Digam-me, aquilo é um namorado? Mais vale ter uma cadela.

Depois dessa discussão, nem liguei mais aos vestidos, deixei-me levar pelo péssimo gosto das minhas duas novas amigas. Meia-hora depois, saíamos da loja, e quem vejo à minha espera, de óculos de sol, com um bronze digno de um Verão passado na Coreia (do Sul, lógico)?
- Galdéria!!!! - gritei, aos saltos de alegria.
- Sílvia! Então? - disse-me, abraçando-me. - É esse nojo de vestido que vais levar para a festa? Por Buda, vamos lá para dentro tratar dessa roupa.
Nesse instante, os olhos bissexuais da Vanessa estavam, como Mamatriz e eu pudemos reparar, colados no decote da recém-chegada, que, ao dar-se conta, sorriu.
- Sou a Sónia, já agora.

A Sónia tinha vindo! Ao menos ela, não é, para compensar a possível ausência do Rui (smiley asiático: -.-). Entrámos novamente na loja e, as quatro, animadas, escolhemos vestidos para todas. É claro que, sempre que a Sónia ou eu (a Mamatriz é feiosa) estávamos de lingerie, prontas para experimentar outro vestido, a Vanessa não tirava os olhos dos nossos corpos. Tanto que, no final disso tudo, à saída, ela convidou a Sónia a sentar-se na mesa delas.
- Claro. Pensavam que me ia sentar no chão, como uma chinoca, não? - disse, a rir-se. - Sem ofensa, Sílvia.

Fomos para o recinto. Era já de noite, aquilo estava cheio e eu... eu estava atrasada. Corremos lá para dentro do grande salão e, enquanto elas se foram sentar por entre as muitas dezenas de convidados, eu fui até ao camarim, onde encontrei Lola, que me berrou por estar tão atrasada. "Era suposto termos ensaiado um pouco, hoje", gritava ela, e eu estava mais nervosa que um rato a ser perseguido por uma ratazana. Susana entrou ali e sorriu.
- Arrastem-me esses rabos para o palco e cantem - disse. - Têm 10 minutos.
10 minutos, disse ela. Fui rapidamente à casa-de-banho, subitamente tomada por uma sensação desconfortável na barriga. Andei perdida pelos muitos corredores daquele salão, até que encontrei a casa-de-banho - na verdade, a minha urgência era tão grande que ignorei ingenuamente o sinal de "Fora de Serviço" colado à porta (dah, a porta estava aberta, nada dava a entender que assim o era...! Fiz o que tinha a fazer - não querem que vos diga o tamanho, cor, cheiro e outros detalhes do que deposito na sanita, pois não? - e só quando saí reparei que não havia água ali (nunca uso o autoclismo, daí não ter percebido antes). Enojada pelo cheiro ali dentro, corri para a porta e tentei abri-la, em vão: faltavam uns escassos minutos para actuar e estava trancada lá dentro. Em suma: o horror.

Gritei, berrei, ladrei, esganicei, sem resultados. Depois, arranhei e pontapeei a porta com toda a força. Por fim, voltei a pedir socorro, já deitada no chão a chorar. "Socorro... Socorro... ConiPiçi... protege-me..." murmurava eu, sentindo o chão frio a estragar-me o vestido. Levantei-me e bati fortemente na porta, esperando que alguém estivesse a ouvir. Mas não, estavam todos no salão principal, à espera da minha actuação. E eu ali. "Socorro!!!!!!!!", gritei novamente, e foi então que ouvi uma voz do outro lado.
- Sílvia? - perguntou, uma voz estranhamente familiar.
Espreitei pelo buraco da fechadura e quem vi, para meu choque: Cátia. Digam-me, como é que aquela caganita de égua estava ali? Pois, era fácil de explicar: vira o e-mail que lhe mandei (propositadamente, para lhe fazer inveja hihihi), e vinha tentar arruinar o meu dia. Mas, naquele momento, era a única pessoa que me podia ajudar a sair do esgoto - literalmente falando.
- Ajuda-me, estou trancada...! - berrei. - Por favor!
Por aquela altura, ouvia já os aplausos das pessoas a seguir à voz da Susana anunciar os nomes "Lola" e "Sílvia". Fiquei ainda mais horrorizada... não ia chegar a tempo!
- Ajuda-me, cabra!
- Okay, espera um pouco - disse ela, e ouvi os seus passos afastarem-se.
Contudo, nos minutos que se seguiram, estive ali sozinha, abandonada. Aquela cabra, em vez de me ajudar, não ia fazer nada. Espreitei novamente pela fechadura e foi então que vi uma das chiques - a Fifi - aproximar-se, seguida por um homem. Escutei com atenção, antes de dizer algo. "Romance?", pensava para mim, esquecendo por momentos a situação em que me encontrava.
- Eu tenho um marido...! Isto nunca podia resultar... Por favor, vai-te embora. Não me procures mais...! - gritava ela, enquanto andava pelo corredor. Mas o homem não a largava!
- Filipa, eu amo-te. Tu não me amas? - e pela voz, pude perceber que era o veterinário, de quem falei anteriormente.
- Já te disse que não! - disse ela, quase a chorar. Que burra, negar um pão daqueles? Se fosse comigo, estávamos já no chão, nus.
Foi então que ele a agarrou e beijou-a. Um beijo ardente, longo, que por segundos me excitou. Mas ela acabou por largá-lo e bateu-lhe com a mala.
- Agora vou ter de retocar o batom! - gritou ela, e afastou-se dele.
Ele não insistiu mais, nem podia: nesse momentos, as outras chiques chegaram ali àquele corredor, claramente alarmadas. A Fifi, podia ver-se, estava nervosa. Pude reparar nos olhares que ela e Fafa trocaram mal se viram, olhares de quem diz "Sei o que andaste a fazer, malandra". Já a Bázita, essa parecia estar a evitar pensar no assunto, e limitou-se a dizer:
- Fi, rápido. Precisamos de encontrar a Sílvia, ela desapareceu!
Bati então na porta, berrando que estava ali, e todos ficaram espantados.
- Ajudem-me!!!

Enquanto eles olhavam, intrigados, para a porta, a ver como me resgatariam daquela cena - fazia figas para que fosse o veterinário a tomar iniciativa, para que assim me pudesse atirar a ele e gritar "meu salvador!", mas, para meu desgosto, quem tomou iniciativa foi a Fafa.
- Esperem, jóias, tive uma ideia - disse ela, tirando um dos brincos, e os outros olharam-na enquanto ela punha a parte aguda do brinco na fechadura. - Que foi? Pensavam que eu fugia de minha casa como, nos anos 80?
A porta abriu-se, por fim! Saltitei japonesamente de alegria, abraçando toda a gente - todos excepto a Fafa, que me disse que lhe ia sujar o vestido -.-.
- Quero cantar! - gritei, feliz.
- Não com esse vestido - disse a Bázita. - Fá, tu vai avisar o público do ocorrido.
- Certo!
- E, Fi, tu vais emprestar o teu vestido à Sílvia. - disse ela, e eu ri-me por dentro, vendo que aquele belo vestido me serviria na boa.
- Quê? - disse a Fifi, perturbada. - E vou com o quê?
- Esperas nos camarins.
- É que nem penses!
- Olha, desculpa lá, mas sem vestido ela não vai actuar, não achas?
- E por que é que não lhe emprestas tu o teu vestido? Que lata un-chique a tua!
- Acaso preferes que conte ao teu marido o que se passou agora? - disse a Bázita, quase a sorrir.
- Olha, uma chique não diz palavrões nunca, como sabes, mas agora diria um. - disse ela, despindo o vestido, a revelar um corpo quarentão que me vi secretamente a invejar. - Toma, pega o vestido. Não precisas de recorrer a chantagens para isso. Fica com ele. - continuou, dando o vestido para a mão da Fafa, já em langerie, para encanto do veterinário. - Quando é que a nossa amizade chegou a este ponto, Bá? Sinceramente! Boa-noite a todos. - e saiu, novamente seguida do veterinário.
- Credo... - disse a Fafa, depois de um silêncio prolongado.
A Bázita deu-me, por fim, o vestido, e disse:
- Tenho de falar com ela, desculpem! - e foi a última vez que vi quer Bá, quer Fifi, quer Veterinário, nessa noite.

Depois de ajudada pela Fafa no que tocava ao vestido- fiquei linda, depois mostro foto -, corremos as duas para o salão principal. Por esta altura, passava já meia-hora desde o momento em que eu supostamente devia ter actuado e as pessoas começavam a ficar impacientes. Foi então que eu fiquei chocada, ao ver a solução de última hora que Susana arranjara: no palco, Lola e Cátia preparavam-se para cantar, com os microfones nas mãos. Só Buda (e ConiPiçi) sabe a raiva que senti naquele momento. Aquela cabritona tinha vindo para ali estragar-me a vida, como sempre fazia!!!
Caminhei rapidamente por entre as mesas, vendo as luzes a apagar-se, pronta para tomar o lugar que era meu. Contudo, não habituada àqueles sapatos, tropecei sem querer no vestido e, num ápice, estava já derrubada sobre uma mesa, com o decote voltado para um cinquentão. Nesse momento, tinha todas as atenções voltadas para mim, horrormente! Não, não, não. Estava tudo a correr mal! Não, eu devia era estar no palco, a cantar. Levantei-me, com a ajuda da Fafa, enquanto ouvia a multidão a rir-se da minha desgraça. Claro que, como imaginam, eu não ia cantar, depois daquilo tudo.
Começava eu a andar para trás, porém, quando vejo a Sónia ali à minha frente.
- Vai cantar, vacazola, ou vais arrepender-te - disse-me ela, zangada, e depois gritou para toda a gente - Esta aqui é a Sílvia, não aquela ali em cima. Esta é que vai cantar!
Todos olharam para Cátia, que, com vergonha, se refugiou nos bastidores do palco. Estava tudo a melhorar, felizmente! Subi para lá para cima e, confiante, olhei para Lola. Assim que tudo se calou, começámos a cantar. Arrasámos, claro, com aquela gente .Chique, habituada a ouvir grandes vozes - na primeira canção. Nas outras duas, porém, fomos um nojo autêntico: eu enganei-me várias vezes na letra, a Lola esquecia-se da coreografia. Enfim, digamos apenas que as palmas que ouvimos depois foram mais de pena do que outra coisa! Mal saí do palco, chorei. Aquela tinha, sem dúvida, sido uma noite para esquecer. Mamatriz e Vanessa felicitaram-me, dizendo que apesar de tudo tinha estado bem. A Fafa disse que eu podia esquecer a minha carreira como cantora e a Sónia abraçou-me e disse que me levava a casa.

Lá fora, ela confortava-me enquanto íamos para o carro. Mas nada adiantava! Quando lá chegámos, para meu espanto, vi Rui sentado em cima do capô do carro dele, olhando-me. Parecia triste! Corri para ele, enfim, esquecendo a noite de nojo que tive: o meu namorado estava ali! Abracei-o, beijei-o, mas ele estava silencioso, passivo.
- Correu bem? -perguntou.
- Oh, não importa. Estás aqui!
Ele ficou calado, depois de acenar a Sónia e de sorrir para ela, como quem diz "engraçado ver-te aqui". Depois, ficou inexpressivo, até que falou:
- Olha, Sílvia... é assim, eu não sei se aguento isto. Estamos muito longe, enfim, não dá para mim. Se continuares em Cascais, acho que é melhor acabarmos. Para isto, mais vale ter... hum, nada. - disse ele, e eu pensaria "uma cadela?", se não estivesse a chorar. O boizana estava a dizer-me para escolher entre ficar entre os chiques e voltar para o Porto. Enfim, nem respirava quase. Ele foi-se embora e eu fiquei ali, a chorar, abraçada à Sónia.

3 comments:

Anonymous said...

Ai Si, noite para esquecer mesmo! Enfim, nem sei o que lhe posso dizer... se tivesse na sua pele, estava triste, mas noto que, numa situação tão dramática até que consegue ter humor, ser, enfim, uma pessoa feliz! Lute por ele, que vocês formam o casal mais bonito à face da TERRA (não, esqueçam, o casal do EXPIAÇÃO é melhor ;).
Sílvia, melhore, estou consigo!!!

Anonymous said...

Vai parir.

Anonymous said...

Ai Sílvia, amei. Não esqueças nada a carreira, se lutares consegues, bitch.
Quanto ao teu namorado, fala com ele. Talvez haja outra solução, não é?
Força!
Beijinhos europeus