Monday, August 6, 2007

Não me mereciam

Que fiz eu para merecer tal fado...? É com lágrimas que vos escrevo este post. Apenas a vocês, meus leitores, eu conto estas coisas. Obrigado pelo apoio que sempre me prestam, quer nos comentários, quer no msn. Agora, o que se passou.

Hoje foi o meu último dia no Feira-Nova. Sim, parece que já nem sorte no emprego tenho. Estava eu lá na caixa a atender os clientes quando ouço uma voz grave falar no altifalante "Sílvia é favor chegar ao meu gabinete, de imediato!". Um bocado atormentada, cumpri a ordem. Quando lá cheguei, estavam 3 pessoas - uma mulher feia e velha, o chefe e o gerente - que me aguardavam. Em cima da mesa, reparei, estava a minha mochila e roupas de bebé.

Disseram-me que me sentasse e eu cumpri a ordem. Quase de imediato, ouvi as suas vozes, estridentes, bombardearem-me com perguntas: "Explique-nos como isto foi encontrado no seu cacifo!" ou "Você tem motivos para roubar? É pobre?", "Que tem a dizer em sua defesa?!". Eu, em choque e sem saber como explicar o sucedido, comecei a chorar como uma desalmada. Isto, em vez de fazer com que eles tivessem compaixão, ainda os fez gritar mais comigo, chamando-me ladra e mentirosa.

Peguei na mochila, enquanto enxugava as lágrimas, e corri dali para fora. Lá em baixo, um grupo de pessoas viam-me a correr em direcção às escadas, notei. Eu chorava e corria. Porém, a maior humilhação foi quando ouvi o altifalante outra vez: "Caros clientes, aquela asiática que vêem a correr tentou assaltar o nosso estabelecimento. Não se deixem enganar pelo fato, já está despedida. O Feira-Nova deseja uma boa tarde a todos e recomenda que visitem a zona do papel higiénico."

Aí, quase morria. Tapei a cara com a mão e corri para fora do hipermercado. Uma idosa, ao ouvir a mensagem do altifalante, tentou atropelar-me com o carrinho das compras, insultando-me! Eu, contudo, não parei de fugir, até que cheguei à estrada e apanhei boleia de um desconhecido, que se mostrou generoso. Cheguei há minutos e ainda não recuperei da humilhação.

Porquê, porquê? Digam-me, isto é vida?

P.S.: Logo vou ter a primeira aula de canto, desejem-me sorte!

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