Tuesday, August 21, 2007

Para que o libertaram?!!

Lágrimas. Choro. Tristeza. Perda. Solidão. Pânico. Ódio. Indignação. Experimentei estes sentimentos todos nos dois últimos dias... nem sei como tenho forças para estar cá a contar-vos o que se passou. Mas preciso do vosso apoio.

Como previ, este post não seria a última vez que vos falaria dos meus pais. Mas adorava que não fosse por estas razões... quais?, perguntam-se vós. O meu pai foi libertado na Sexta-feira mas eu só soube disso no Domingo, quando ele apareceu cá por casa. A sua visita, porém, teve coincidências trágicas.

Sábado chegava ao fim quando eu estava na cama a acabar de ler "A Ilha" (adorei o livro, não o comprem) e os meus avós estavam na cozinha a falar enquanto ouviam música no rádio. O ConiPiçi estava à janela a mirar uma gata que subia um cano. Estava tudo numa calmaria, numa felicidade melancólica. Sabia que à noite iria jantar com a Sónia, o Rui e um amigo dele (solteiro, para a Sónia - sim, ela acabou com o Roberto-), pelo que estava alegre. Contudo, a campainha tocou, várias vezes, e uma mão começou a espancar a porta. "Credo!", disse eu, quando abria a porta do apartamento. Foi então que tive a surpresa mais chocante do mês: era o meu pai, com a barba por fazer, a mastigar uma chiclete e a sorrir com aqueles dentes por lavar. O seu hálito cheirava a álcool. Petrificada, ouvi-o dizer "Oi Beijamim - ele chamava-me isto quando eu era pequena, nem Benjamim era, como vêem - tiveste saudades minhas?"

Eu não sabia o que responder. Na minha cabeça, estava tudo nublado; na cozinha, ouvia a voz rouca da minha avó perguntar quem era. Foi então que me voltei para ele novamente e o vi perguntar se não o cumprimentava. "Que estás aqui a fazer?", perguntei. "Vim ver-te, já que nem me foste buscar quando fui libertado". Libertado? Não acreditava! "Pois... por alguma razão foi...", respondi, e os meus avós vieram para a minha beira. Quando o meu avô viu quem era, começou uma discussão entre os três, em que os meus avós lhe chamavam vigarista, criminoso, assassino. O meu avô atacou-o com a bengala, irado, enquanto eu o tentava segurar, e foi então que o desastre aconteceu: o meu pai disparou contra a minha avó (!!!!!!!!!) - tudo acontecia a um ritmo tão acelerado que eu nem percebi muito bem o que se passou! Quando vi a minha pobre avó cair no chão, gritando de dor, com o sangue a esguichar como uma mangueira para todo o lado, porém, fiquei horrorizada e as lágrimas começaram a escorrer-me. Voltei a tempo de ver o meu pai fugir escadas abaixo, e chamei logo uma ambulância.

Fomos logo para o hospital e depois, enquanto operavam a minha avó, contei tudo à polícia, com o ConiPiçi em cima do colo da Sónia, que estava ao meu lado a segurar a minha mão. A sério, estou tão revoltada! A minha avó pode morrer... e eles libertaram-no? Ele fez aquilo porquê??? Porque é que não morre, de vez? Porque é que não me deixa em paz?! Desculpem mas não consigo, estou aqui a chorar só de pensar que a minha avó pode morrer a qualquer minuto. Vou sair, beijo para todos...

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