Só a mim é que me acontecem coisas destas... definitivamente. Já nem sei que dizer, eu só atraio "coisas".
Ontem à tarde, estava eu a folhear o jornal - não irei dizer qual pois não me pagam para fazer publicidade - com a Sónia, enquanto bebíamos chocolate quente e falávamos da vida, procurando um emprego para mim nos Classificados, quando recebo uma chamada: era o nadador-salvador, de nome Jorge. Convidou-me a sair e eu, entusiasmada, pus em alti-falante. Falámos durante alguns minutos, com a Sónia a escutar tudo e a dar-me sugestões para as respostas. No fim, contudo, ele fez-me uma pergunta que me deixou reticente: "Posso levar um amigo?". "Claro!", respondi eu. Maldita hora, digo-vos!
O encontro parecia-me interessante, romântico: iríamos jantar num restaurante perto da marina, à luz das velas! Encontramo-nos, à noite, quando ele me veio buscar. Estava l-i-n-d-o, todo janota. Eu, claro, passara horas a produzir-me e a conversar com a Sónia na casa-de-banho: ela a ler a Mulher Moderna sentada na sanita e eu na banheira, lavando-me. Fomos para o restaurante no seu carro, logicamente.
Quando chegamos lá, o ambiente era agradável. O restaurante? Requintado. Sentámo-nos e, contudo, quando íamos pedir ele disse: "Esperemos pelo meu amigo". Já estava a começar a ficar chateada com o amigo dele. Contudo, contive-me e bebi mais champanhe. O amigo chegou 20 minutos depois. Pedimos a comida e, quando começámos a comer, a conversa começou a mudar de tom. Eles começaram a levar a conversa para sítios mais perversos, sempre com insinuações alusivas ao sexo. Eu, contudo, mal respondia. Limitava-me a comer e a ter a boca cheia - assim, tinha a desculpa de que falar de boca cheia é má-educação. O Jorge foi então directo ao assunto: "É assim, Silvina..." "Sílvia!", interrompi eu, "Sílvia, como queiras. Nós queremos, digamos... ter uma noite a três." e eu "E já não estamos a ter? Passei eu horas na casa-de-banho para isto?" e ele "Não, não estás a perceber. Nós queremos ter a continuação da noite a três." e eu "Como assim???" e foi então que o outro falou, em tom grave: "Fogo, és burra ou quê? Queremos ter sexo a três!" - e eu aí fiquei... vocês devem imaginar!
Foi então que o Jorge voltou a falar: "Sílvia, nós somos bis. E sempre nos excitou a ideia de fazermos a 3 e filarmos" e eu "Bem mas eu não vou fazer isso" e ele "Nós pagamos-te, claro!" - disse-me ele. Pagar-me? Toma-me por quem? Eu a querer uma noite romântica e saem-me com aquilo? Meu Buda!
Despedi-me deles e apanhei um táxi. Ontem, sentia-me muito sozinha. Quando chegava a casa, encontrei o Rui lá à porta, com um ramo de flores, sentado nas escadas. Tentei ignorá-lo, a minha noite iria ficar pior! Contudo, ele meteu-se no meu caminho e disse-me "Sílvia, desculpa-me por tudo. Por favor, vamos recomeçar" e eu tentei dizer-lhe que não mas ele agarrou-me o braço e eu comecei a chorar, abraçando-o. "Que se passou? Conta-me", disse-me ele E ali ficámos, nas escadas de pedra, a falar por algumas horas.
Wednesday, August 8, 2007
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