Friday, December 14, 2007

Ninguém Diria.

Digam-me, se esta rapariga vos aparecesse, com este aspecto de quem acabou de ter sexo nas escadas de um prédio do bairro social onde reside, vocês ligavam-lhe? Eu NÃO. Contudo, o destino é engraçado e uniu-me a ela. O seu nome? Lola.

Pois bem, as aulas têm corrido optimamente. Claro que eu, asiática como sou, sou muito mais culta do que 20% dos meus colegas - o resto é infinitamente melhor, mas não interessa. O que é realmente relevante é que, há dias, estava eu a cantar uma música nos corredores da universidade, a "Girls Just Wanna Have Fun", ao mesmo tempo que vejo Mamatriz + Vanessa (a rejeitada nº2 lá do curso) a passarem por mim.
- Kunichiwa? -interrompi eu a minha canção, vendo-as parar.
- Cantas bem!
- Sei que sim, xau!
De repente, a Mamatriz desata ali a chorar e começa a afastar-se.
- Bruta! - gritou a Vanessa, para mim.
- Olha-me esta quer lutar kong-fu -murmurei.

O facto é que, ao almoço, quando vi Mamatriz e Vanessa na cantina, elas não se sentaram na minha mesa. Teria eu magoado Mamatiz tanto? Sentei-me à beira delas, recebendo um olhar de desprezo como sinal de boas-vindas.
- Olhem, desculpem, sim? Vocês também! Foi sem intenção. Pensem comigo, eu sou a única que fala convosco, se não me tiverem a mim, quem terão? Exacto, ninguém. Por isso, tratem de se deixar de coisas ou começo a não vos ligar. - disse, e elas quase se ajoelharam a pedir desculpas. -Acho bem.

Nesse mesmo dia, saíamos nós da aula quando Vanessa veio falar comigo.
- Olha, tu cantas *mesmo* bem, já te disseram?
- Outra vez...? - perguntei, aborrecida.
- Já pensaste em gravar um disco?!
- Claro que sim, e sei que tenho talento para isso.
- Perfeito! A minha madrinha, de nome Susana, é uma organizadora de festas. Ela precisa de uma cantora para animar uma que ela vai dar dentro de alguns dias. Posso falar com ela a ver se te deixa actuar!
Fiquei maravilhada. O mundo, finalmente, veria o meu talento.
- De que esperas para ligar? - perguntei, já me imaginando no palco, arrasando com a plateia.
- Olha, desculpa... mas já encontraram alguém para actuar. Fica para a próxima. - disse-me Vanessa, ao desligar a chamada, minutos depois de falar com a madrinha.
- Quem? Nome, morada?
- Não sei...
- Trata de saber, já! - berrei.

O seu nome era Lola Peres e morava não muito longe da casa da Bázita. Fui lá com Mamatriz+Vanessa, pronta a pôr o meu plano em execução: impossibilitar a criatura de actuar. Elas, claro, tentaram impedir-me mas bastou uma pequena ameaça para que me seguissem como cadelas que são. Estávamos então escondidas atrás de uns arbustos, no jardim da mansão de Lola, aguardando que alguém viesse à porta. De repente, uma adolescente sai da casa, procurando por nós. "Hihihi", ri-me, e atirei-lhe com uma pedra à cabeça. Contudo, falhei, acertei na parede! Que raiva!!! Peguei noutra, maior, e desta vez não falhei, como pude comprovar pelo sangue a escorrer-lhe pela testa.
- Fujam! - gritei eu para elas.

Nessa noite, a Vanessa disse-me, via MSN, que a sua madrinha procurava nova animadora, já que Lola estava nos cuidados intensivos do Hospital. Ri-me, claro, e perguntei-lhe quando podia ir mostrar os meus dotes.
- Que tal Segunda-feira? - perguntou ela, e saltitei de alegria.

No dia seguinte, estava eu, jovial, a caminhar para a sala quando Mamatriz me puxa para a casa-de-banho das raparigas. Parecia nervosa.
- Não está certo o que fizemos! - gritou ela.
- Cala-te! - disse eu, e nesse momento levei um chapadão.
- Acorda, Sílvia! É assim que vais passar o resto da vida, a atropelar os outros para atingires os teus objectivoss...? - perguntou ela, e eu nada disse. Via, pelo canto do olho, abandonar a casa-de-banho. Sentia ódio dela, apetecia-me partir aquela boca toda. Contudo, ela... ela tinha razão.
- Estou? Sónia? Preciso de ti, amiga... - disse eu, momentos a seguir, ao telemóvel.

A Sónia apoiou-me. Disse-me que não me devia preocupar, e que a minha atitude foi correcta. Disse apenas que eu devia ter atirado um paralelo, que era mais eficaz. Eu, contudo, sentia um peso na consciência. Fui, então, na Segunda-Feira passada, a casa de Lola. A empregada dela recebeu-me amavelmente, guiando-me ao quarto dela. Assim que lá cheguei, pude ver a ligadura na cabeça dela. Entristeceu-me, mas tinha de ser. Contei-lhe a verdade.
- Como pudeste...?
- Desculpa! É por isso que vim aqui, para pedir desculpas!
- Pois, mas eu estou incapacitada de actuar, por tua culpa!
- Quem disse isso? - perguntei, atraindo a sua atenção para o meu plano, que consistia em irmos as duas de encontro a Susana, e propormo-nos ambas cantar vários duetos, sem cobrar mais nada além do cachet inicial. Ela, claro, ficou maravilhada.
- Cantem alguma coisita para mim!
Cantámos "Girlfriend", da Avril Lavigne. Escusado será dizer que as nossas vozes, em sintonia perfeita, convenceram Susana logo após o primeiro minuto.
- Espero por vós amanhã para ensaiarmos! - disse Susana.
E assim foi. Nos últimos dias, ensaiar com Lola tem sido parte da minha rotina. E estou a adorar. Ela é uma cantora muito boa e estamos a tornar-nos muito amigas. Daqui a bocado, vamos actuar, em frente a Cascais!! Estou tão excitada! Enfim. Convidei a Sónia para vir ver também, assim como o Rui. Ela não me deu certezas, contudo. Espero que consiga vir. Bem, vou lá, então! Rezem por mim, desejem-me sorte!!

Monday, November 19, 2007

Infeliz Com a Vida...

'Kuni... para todos...! Como vos tinha contado, hoje era o meu primeiro dia de aulas e, apesar das minhas expectativas, não podia ter corrido pior... Porquê? Porque sou uma burra, idiota, estúpida. Hoje acordei e, depois de limpar o frasco do ConiPiçi, comi uma coisa rápida às escondidas da Chique nº3 (Bázita) e apressei-me a ir de bicicleta para a escola (graças a Buda que o monglóide com quem troquei de casa tem uma...).

Não demorei, contudo, a perder-me. Quem diria que Cascais seria tão grande? Pois, eu é que não. Continuei à procura da escola, passandopor uma lavandaria onde vi uma mulher a beber chocolate quente em cima da máquina de lavar e por fim, uma sex-shop, onde encontrei a Chique nº1 (Fafa), graças a Buda. "Ajude-me", disse eu, desesperada porque ia chegar atrasada à escola. "Credo .Chique, que precisas?", disse-me ela. "Não encontro a minha Universidade, estou perdida!", "E eu com isso?! Adeus!", proferiu ela, entrando no carro. Nessa altura, fiquei possuída. Não ia deixá-la sair assim. Aproximei-me do carro dela e dei-lhe um valente chuto na porta do carro, com toda a força que consegui. É então que uma dor enorme me ataca o pé, depois a perna, enfim, tudo. Uma hora depois, estava eu no veterinário (sim, ela nem teve a decência de me levar ao médico!!).

"Não vai precisar de gesso. Ponha só gelo que isso passa-lhe. - disse-me ele. - Agora, com licença, vou ao Supermercado. Passe bem.", disse ele, rejeitando olhar para as minhas mamas reveladas pelo decote que ajustei ao ver o Sexyssíssimo que ele era. Rude, a reacção dele. Liguei à Chique nº2 (Fifi), pedindo-lhe boleia. Contudo, nem me atendeu! Ligava eu à Bázita, quando vejo que tinha uma chamada em espera. Olhei e vi que era a Sónia. Meu Deus, a minha melhor amiga ligava-me. E eu... eu estava nervosa. Depois de um mês zangadas, sem nos falarmos, ela ligava-me. E eu continuava indecisa. Quando ia a clicar para atender, contudo, a chamada foi desligada. É aí que vi a Bázita a vir de carro. "Vamos para a Universidade, antes que leves falta!", disse-me ela. Se calhar, a Chique 1 ligou-lhe. Não sei.

Fui então para a Universidade. O que vejo lá? Uma Universidade feminina - já nem sabia que isto existia! - onde as freiras e aquelas que querem ser freiras estudam. Que sorte a minha...! Ao almoço, depois de uma aula de Anatomia, conheci duas colegas, a Vanessa e a Mamatriz. Claro que elas é que se vieram sentar à minha beira, não eu. E claro que, mal acabei de almoçar, me pisguei. Gentinha sem gosto... haviam de ver as roupas delas! Enfim, vou chorar. Estou triste, hoje. O pé ainda me dói. R.I.P. ConiPiçi!!

Sunday, November 18, 2007

Nova Cidade, Nova Vida


Depois de todas as minhas aventuras aqui narradas, eu, Sílvia Monteiro, parti. Sim, Kunichiwa's por todo o país que me visitam regularmente, eu já não vivo com os meus avós, mandei-os para um lar (um grátis, que encontrei na Internet, situado na Tailândia, diziam inclusivé que vinham buscá-los num prazo de 24 horas, coisa que aconteceu).

Cheguei, como podem ver neste blog (guardem o endereço, se quiserem saber mais detalhes da minha vida), na Sexta-feira. O ConiPiçi faleceu, infelizmente, e apesar de aquelas chiques dizerem o contrário, ele morreu devido a ter sido pisado por um passageiro, não devido a ter levado com uma mala na cabeça. Mentirosas, é o que são (não posso falar muito mal porque estou hospedada na casa de uma delas).
Por falar nelas, os seus nomes são Filipa (Fifi), Bárbara (Bázita) e Fátima (Fafa), sendo que eu estou hospedada na casa da Bázita. Para já, pareceram-me amigáveis, e o marido da Bázita tem um material... digamos que eu nunca pensei ficar tão excitada (disfarcei, contudo, fugindo da casa dela) com um pénis tão idoso e enrugado. Contudo, achei-as um pouco extravagantes.

Amanhã é o meu primeiro dia de aulas na nova Universidade, em Cascais. Vamos ver como corre. Na Quinta-feira, despedi-me do Rui. Ele veio até aqui a casa e levou-me à estação de comboios. Eu queria acabar, mas ele disse que arranjaríamos uma forma de aguentar a nossa relação. A ver vamos! Quanto à Sónia, parti ainda zangada com ela. Ontem liguei-lhe, mas ela não atendeu. Enviei-lhe agora um e-mail a dizer-lhe onde estou. A ver vamos também, se me responde. Quanto às prostitutas, mudaram-se logo a seguir ao meu último relato sobre elas.

Bem, vou tentar manter este blog actualizado. Acompanhem a minha vida, amores!

Saturday, September 8, 2007

Traidora!

As amizades não duram para sempre, afinal de contas. Eu é que tinha essa fantasia se ter uma amiga com quem falaria e recordaria a vida, quando fosse velha e cheirasse mal. Porém, aprendi da pior forma que, de um momento para o outro, uma grande amizade pode acabar.

Já há vários dias que havia algo que me intrigava: as súbitas saídas da Sónia. Sim, ela estava a viver aqui em casa, por causa daquelas prostitutas que vivem em cima de mim, e por isso pude acompanhar melhor a sua rotina: acordar depois do meio-dia, comer, passar a tarde no MSN, sair à noite, voltar, dormir - geralmente, era isso. Porém, ela andava a sair demais para o meu gosto. Saía assim, a meio da manhã, ou da tarde, e o que dizia ela? Que ia ao médico. E quem é o médico dela? O meu tio Edison.

Como imaginam, era só eu fazer uma chamada e saberia se aquilo que me dizia era verdade. Pois imaginam mal, eu tive de ir de propósito a casa dele para obter informações. Cheguei lá, falámos, mas ele disse-me que só me diria alguma coisa se eu, em troca, lhe fizesse uma massagem - Ok, uma massagem, vinte minutos da minha vida a tocar nas suas costas, não era nada demais. Contudo, ele queria era que eu lhe massajasse os pés. Sim, os pés. Não me façam recordar essa experiência, por amor a Buda. Vou, por isso, passar essa parte à frente. O que interessa é o que ele me disse, depois da dita... massagem: "Não, ela já não vem a uma consulta desde Janeiro".

Por onde andaria Sónia? Foi com esse pensamento em mente que eu voltei então, ontem, para casa. Quando cheguei lá, ela estava já a sair do apartamento. Apenas me disse "Olha, vou ao médico! Volto mais logo...!". O que fiz eu? Esperei uns minutos e saí para a rua, para ir atrás dela.
Segui-a por cerca de meia-hora. Meu Buda, demos a volta à cidade, quase! Eu avançava, sempre escondida atrás de um poste, de um carro, de um arbusto, de um obeso. Contudo, quando vi o destino dela, não queria acreditar: a casa da Cátia.

Sim, fiquei revoltada, raivosa, mas controlei-me. Atrás de uma árvore, vi-a entrar em casa dela, a cumprimentar a Cátia, toda sorridente. "Vaca", pensei, e saltei a vedação da casa dela, ignorando a tabuleta que dizia, em letras gigantes, "Cuidado com o cão".

Olhei em volta e corri de arbustos em arbustos, a contornar a casa até encontrar a janela do quarto da Cátia. Estava aberta, porém, não se via nada dali debaixo! Tinha de me pôr num sítio com mais visibilidade. Foi então que olhei para o lado e vi uma árvore, enorme. Verifiquei que não estava ninguém ali e comecei a trepá-la, asiaticamente (é um método revolucionário de trepar coisas, digo-vos já).

Lá em cima, procurei camuflar-me entre os arbustos. Quando me consegui colocar numa posição segura e confortável, voltei-me, então, para a janela. O que vi, contudo, chocou-me tanto que quase caí lá abaixo: Cátia e Sónia estavam em cima da cama a beijar-se apaixonadamente. Meu Buda, a Cátia e a Sónia? A Sónia sabia perfeitamente que eu a odiava, não podia escolher outra para o seu primeiro relacionamento lésbico?!!! Raivosa, comecei a descer da árvore, quando olho para baixo e vejo um pequinuá (ou lá como se diz, sei é que é um cão pequeníssimo) a olhar para mim, os olhos cobertos de ódio. Sorri e tentei descer da árvore, contudo, a minha perna ficou presa em dois ramos e eu, desamparada, caí lá abaixo, o que provocou um enorme estrondo. A Cátia e a Sónia vieram imediatamente à janela e ficaram chocadas ao ver-me. A Sónia gritou, perguntando-me o que fazia ali. Que fiz eu? Levantei-me e disse "Sónia, como pudeste?! Sabias que eu a odiava, tinhas mesmo de namorar com ela? És mesmo vaca!! Odeio-te, odeio-te, o Clube das Bêbadas acaba aqui!!!" e pontapeei o canito, que me ladrava, contra a parede. Ele começou a sangrar mas mesmo assim conseguiu ter forças de me perseguir até à vedação, que voltei a saltar, enquanto corria... irritante, não?

A Sónia já veio buscar as suas coisas, apesar de contra vontade. Tentou persuadir-me a perdoá-la, mas sabem como eu sou. Para mim, ela morreu. Vaca. Não se preocupem, eu vou continuar, sozinha, a investigação. Rosália ainda continua desaparecida! Mas eu tenho um plano para logo à noite, depois conto-vos tudo. Beijo!!!

Tuesday, September 4, 2007

Rosália e as três prostitutas

"Tenho um plano" - assim me dissera Sónia quando vínhamos para casa a comer cachorros e a sujar as roupas de mostarda fora do prazo de validade. Já lhe havia contado o que se passara comigo nesse dia e ela, curiosa como é, já estava a querer ajudar-me. O seu plano? Eu emprestava-lhe um pijama e ela dormia lá em casa, comigo. Caso ouvíssemos alguma coisa e as minhas suspeitas se confirmassem, entraríamos em acção (não sei como, mas alinhei). Contudo, não percebi o porquê de comprarmos perucas numa loja dos 300 que ainda estava aberta.

Horas depois, estava eu a tirar fotografias com a web-cam para pôr no hi5 e a Sónia a brincar com o ConiPiçi, aguardando ouvir algo. Contudo, nessa noite, elas estiveram de folga.
No dia seguinte, Quinta-feira, eu cancelei o meu jantar com o Rui e as ambas voltávamos para casa, depois de ir buscar comida ao McDonald's, quando ouvimos a Rosália no andar de cima, no corredor, a gritar. "Vamos ver!", disse eu, e saltitámos pelas escadas até ao andar de cima. Encontrámos a minha vizinha Rosália a berrar com elas as três, que estavam na porta em mini-saia. Elas gritavam coisas em português do Brasil mas quem se sobressaía mais era mesmo a Rosália, dizendo-lhes que fossem fazer aquilo para outro lado. Quando nos viram a espiar, contudo, as três convidaram-na a entrar. Estranho, pensei eu e a Sónia também! E, por isso, ficámos ali mais uma hora sentadas nas escadas a comer hambúrgeres e a falar de maquilhagem, esperando a saída de Rosália. Mas ela não chegou a sair.

"Vamos chamar a polícia", disse Sónia, era já quase meia-noite. "Credo, achas?!", perguntei eu, "Não, vamos ficar aqui alapadas a fazer o quê? A tua vizinha está ali presa e nós aqui a falarmos de protectores solares...!" e eu aí tive uma ideia: as perucas. "Vamos", disse, e descemos até ao meu apartamento.

Contei a Sónia o meu plano: vestíamo-nos com as roupas do meu avô (foi um horror para encontrar calças sem qualquer vestígio de cocó) e, com as perucas, fingíamo-nos de clientes. Ela, como lésbica não assumida que é, aceitou logo e as subimos então até à porta do apartamento delas, onde batemos à porta.

"Quem é?!", perguntou sensualmente uma voz brasileira, sem abrir a porta. Devia ser a de langerie vermelha que eu vira anteriormente. "Somos nós", disse Sónia. "Nós queim?", perguntou ela. "Os clientes das... tres!", respondi eu, olhando para o relógio. "Clientis das treis? Má vócêis pensam qui isto é a cásá dá Txia Laurinda?", gritou ela, abrindo a porta. Outra veio por trás dela e disse "Deixa-os entrar, também é só uma hora não é?", ao que ambas acenámos. Minutos depois, estávamos sentadas no sofá da sala, rodeadas por três mulheres sem soutien a roçarem-se em nós, todas com um hálito a esperma.

Nunca me senti mais lésbica na vida. Estava lá, sentindo a língua delas descer o meu pescoço, tentando que elas não me tirassem a roupa. Já Sónia aproveitava para apalpar os seios descaídos que elas possuíam. Olhei em volta, à procura de Rosália. "Estamos sozinhuis", disse-me a que nos atendeu, e sentou-se no meu colo. Ao olhar para a cara dela, pude ver que ela reparou que algo estava errado em mim.

"Você é virgem?", perguntou ela, ao que Sónia sorriu e respondeu, com voz grossa "Não, ele está é só com vergonha... sabem como é... é a primeira vez dele a pagar..." e uma delas "Ai então temos de desinibi-lo!" e descarregou sobre mim uma garrafa de champanhe, deixando as minhas mamas salientes nas várias camisas que vesti. Tentei disfarçar o facto, mas elas saltaram logo para cima de mim, atirando-me para o chão. "Socorro!", berrei instintivamente, enquanto as três selvagens me desapertavam a camisa. Tentei desviá-las mas as suas investidas eram mais fortes. Enquanto que eu era sufocada por três pares de mamas, a Sónia limitava-se a olhar.

"SOCORRO!", gritei novamente, e Sónia levantou-se e disse "Bem, meninas, deixem-no lá...". Uma levantou-se para a satisfazer, contudo algo inesperado aconteceu: alguém começou a bater enfurecidamente na porta, gritando "Abram, é a Polícia!". Meu Deus, gelei. As três pareciam pálidas, a correr pela casa a esconder as peças de roupa deixadas pelo chão, pareciam baratas tontas. Eu e a Sónia entreolhámo-nos, assustadas. O que fomos fazer?! Podíamos ir presas. Não, eu não iria presa. Eu, Sílvia Monteiro, fugiria, qual descendente de ninjas que sou. Mas por onde?! Olhei para a casa-de-banho delas e corri para lá, seguida pela Sónia. Fechámos a porta à chave e ouvimos dois agentes da polícia entrar ali no apartamento.

"Que fazemos, que fazemos?!", dizia Sónia, olhando em volta. Eu fui até à janela que havia ali no compartimento e reparei que, mesmo em baixo (a uns dois metros) estava a minha varanda! Se fôssemos rápidas, talvez conseguíssemos fugir. "Rápido, Sílvia, eles estão a revistar a casa...!", disse-me ela, olhando pela fechadura. Eu abri a janela e disse-lhe que se chegasse perto de mim. Expliquei-lhe o meu plano mas ela disse "Não, Sílvia, estás tolinha? Ainda me aleijo!" E eu apenas disse: "Olha preferes aleijar-te ou passar uma noite na cadeia, com gente que nem a depilação faz?". Momentos depois, estava eu a olhar lá para baixo, tentando alcançar o cano ao lado da janela. Sónia estava já na varanda e dava-me indicações (ela lá tomou a iniciativa e foi primeiro). Eu então coloquei os pés no cano e comecei a descê-lo, lentamente. Porém, quando ouvi a porta da casa-de-banho abrir-se com um estouro, distraí-me e caí.

Caí, sobre a varanda, claro. "Anda!", disse-me Sónia, puxando-me para dentro de casa, enquanto que ouvia um sotaque brasileiro dizer "Estamuis sozinhais!".

Credo, que noite essa!! Nem dormi. Estava agarrada à Sónia, a chorar, a pensar o que seria uma noite na prisão ou nos horrores que se seguiriam se caísse lá abaixo enquanto descia. Nos dias seguintes, tudo esteve mais calmo. Contudo, nunca mais vi Rosália.

Wednesday, August 29, 2007

Um novo mistério

Oi amigos, cá estou eu mais uma vez. A minha vida, como sabem, está sempre com reviravoltas e novidades - algo que vos provoca inveja ao olharem para as vossas vidas rotineiras e aborrecidas, confessem. Neste momento, algo me intriga. Conto-vos o quê, se continuarem a ler.

Ontem à noite, estava eu semi-nua (desde a violação do fantasma do meu Bisavô que durmo sempre com umas cuequinhas, por precaução) na cama, tentando dormir. Porém não conseguia, estava cheia de calor. Pontapeei o ConiPiçi para fora da cama e destapei-me, tentando arrefecer o corpo, mas nada. Revirei-me na cama por minutos e desisti, por fim: tirei as cuequinhas. Minutos depois, estava com um sorriso na cara, prestes a adormecer. Contudo, quando adormecia, comecei a ouvir uns barulhos vindos do apartamento de cima de mim, barulhos regulares. Parecia um objecto a bater na parede. Estranho, não?
Depois de uns minutos a ouvir aquilo, peguei na vassoura e bati no tecto várias vezes, gritando para que parassem. Assim o fizeram, adormeci. Hoje de manhã, contudo, ao levar o lixo à rua lembrei-me: aquele apartamento estava desocupado, há dias.

Chocada, deixei cair o lixo sobre os meus pés e olhei para a janela do apartamento. Soltei um "au", vendo que a persiana estava caída, e depositei o lixo no contentor. Quando entrei no prédio, cruzei-me com a vizinha que vive por baixo de mim, a Rosália, e disse-lhe "Bom-dia", sorridente, mas ela não me respondeu. Voltei-me para ela, que abria a porta da rua, e perguntei-lhe se estava tudo bem. Ela, então, fechou a porta e disse-me "Sente-se aqui comigo, temos que falar". Curiosa, alapei-me nas escadas e ouvi-a dizer "Olhe, já não aguento. Não sei o que você e o seu namorado fazem lá em casa, mas isso tem de acabar. Já não durmo direito há uma semana." e eu fiquei confusa - nunca levara o Rui a dormir lá a casa. Disse-lhe isso e ela "Ó, não se faça de sonsa, os seus avós é que não são..." e contei-lhe o que ouvi ontem à noite, também. "São três quengas", respondeu-me ela, quando lhe perguntei quem vivia no apartamento acima de mim, agora. Despedimo-nos, ela desculpando-se, e eu sabia uma coisa: tinha de fazer algo, descobrir o que se passava lá naquela casa, para bem daquele prédio - que faziam aquelas mulheres lá? Não encontrava a resposta.

Subi para casa e cruzei-me com uma mulher em lingerie, no corredor para a minha casa. Nunca a tinha visto. "Bom-dia", disse-me ela, mas quando me lembrei do que a Rosália me contou ("São três quengas"), fugi para dentro casa. Já liguei à Sónia e ela logo vai comigo à aula de canto, vou contar-lhe o que se passa e veremos, juntas, o que fazer a seguir. Desejem-me sorte, nunca se sabe o que três mulheres que nos desconhecem podem fazer.

Tuesday, August 28, 2007

Actriz

Regressei. Sim, sei que a minha ausência abalou os vossos mundos mas calma, eu regressei de vez, para uma nova temporada da minha vida. Tenho novidades.

O Flávio já há algum tempo que sabia da minha vocação e desejo em ser actriz. Sim, já desde criança que tenho esta louca fantasia de entrar num filme e fazer uma cena de um beijo numa comédia romântica ou morrer às mãos de um assassino cruel. Quando vi a imagem que ele me enviou, fiquei felicíssima ao ver que, por momentos o meu sonho se poderia realizar. A imagem é aquela que está ali em cima. Leiam o elenco e vêem lá "Sílvia". Obrigado, Flávio, sa-mu-sá.

Quanto à Cátia... a nossa guerra continua. Lembram-se do pacto que eu fizera com a Alberta? Em que ela faria com que a Cátia fosse despedida e eu voltaria para o café da Josefa, vitoriosa? Pois, fui traída. Ao que parece, o meu amigo ficou interessado pela Alberta e os dois foram para a cama sem eu saber. Agora, lá se foi o acordo, ela já teve o que queria sem fazer a sua parte. Ou penso em algo rápido ou aquela lambisgóia mimada vai ficar com o meu emprego.

A minha avó conseguiu recuperar dos ferimentos e está já em casa. Contudo, além de cega, agora está numa cadeira-de-rodas - já imaginam o meu desespero para a levar à casa-de-banho!! Mas, felizmente, está tudo bem. O meu avô, contudo, continua a dar tantos gases que já tive de levar o ConiPiçi ao veterinário duas vezes.

Por fim, a Sónia. Solteira, 21 anos, já perdeu a virgindade há muito. Continuamos amigas, e espero que continuemos assim até eu acabar a Universidade e não precisar mais dela (estou a brincar, claro, Sónia <3 style="font-weight: bold;">para sempre!)

Quanto ao Rui, continuamos a nossa relação. Ele tem sido um romântico, um príncipe. Encontrei "o tal", tenho um feeling asiático.

Quanto às aulas de canto, amanhã vou outra vez e, claro, saberão todos os pormenores.

Amei o regresso. Espero que me continuem a acompanhar. Beijo da vossa e única... Sílvia.

Tuesday, August 21, 2007

Para que o libertaram?!!

Lágrimas. Choro. Tristeza. Perda. Solidão. Pânico. Ódio. Indignação. Experimentei estes sentimentos todos nos dois últimos dias... nem sei como tenho forças para estar cá a contar-vos o que se passou. Mas preciso do vosso apoio.

Como previ, este post não seria a última vez que vos falaria dos meus pais. Mas adorava que não fosse por estas razões... quais?, perguntam-se vós. O meu pai foi libertado na Sexta-feira mas eu só soube disso no Domingo, quando ele apareceu cá por casa. A sua visita, porém, teve coincidências trágicas.

Sábado chegava ao fim quando eu estava na cama a acabar de ler "A Ilha" (adorei o livro, não o comprem) e os meus avós estavam na cozinha a falar enquanto ouviam música no rádio. O ConiPiçi estava à janela a mirar uma gata que subia um cano. Estava tudo numa calmaria, numa felicidade melancólica. Sabia que à noite iria jantar com a Sónia, o Rui e um amigo dele (solteiro, para a Sónia - sim, ela acabou com o Roberto-), pelo que estava alegre. Contudo, a campainha tocou, várias vezes, e uma mão começou a espancar a porta. "Credo!", disse eu, quando abria a porta do apartamento. Foi então que tive a surpresa mais chocante do mês: era o meu pai, com a barba por fazer, a mastigar uma chiclete e a sorrir com aqueles dentes por lavar. O seu hálito cheirava a álcool. Petrificada, ouvi-o dizer "Oi Beijamim - ele chamava-me isto quando eu era pequena, nem Benjamim era, como vêem - tiveste saudades minhas?"

Eu não sabia o que responder. Na minha cabeça, estava tudo nublado; na cozinha, ouvia a voz rouca da minha avó perguntar quem era. Foi então que me voltei para ele novamente e o vi perguntar se não o cumprimentava. "Que estás aqui a fazer?", perguntei. "Vim ver-te, já que nem me foste buscar quando fui libertado". Libertado? Não acreditava! "Pois... por alguma razão foi...", respondi, e os meus avós vieram para a minha beira. Quando o meu avô viu quem era, começou uma discussão entre os três, em que os meus avós lhe chamavam vigarista, criminoso, assassino. O meu avô atacou-o com a bengala, irado, enquanto eu o tentava segurar, e foi então que o desastre aconteceu: o meu pai disparou contra a minha avó (!!!!!!!!!) - tudo acontecia a um ritmo tão acelerado que eu nem percebi muito bem o que se passou! Quando vi a minha pobre avó cair no chão, gritando de dor, com o sangue a esguichar como uma mangueira para todo o lado, porém, fiquei horrorizada e as lágrimas começaram a escorrer-me. Voltei a tempo de ver o meu pai fugir escadas abaixo, e chamei logo uma ambulância.

Fomos logo para o hospital e depois, enquanto operavam a minha avó, contei tudo à polícia, com o ConiPiçi em cima do colo da Sónia, que estava ao meu lado a segurar a minha mão. A sério, estou tão revoltada! A minha avó pode morrer... e eles libertaram-no? Ele fez aquilo porquê??? Porque é que não morre, de vez? Porque é que não me deixa em paz?! Desculpem mas não consigo, estou aqui a chorar só de pensar que a minha avó pode morrer a qualquer minuto. Vou sair, beijo para todos...

Saturday, August 18, 2007

Reforços

Segundo os meus (não muito vastos) conhecimentos de História, há sempre uma altura, em todas as guerras, em que os reforços aparecem e alteram o rumo dos acontecimentos - nesta guerra que, como sabem, travo contra a Cátia, os reforços surgiram sob a forma de uma mulher na casa dos trinta, feia e ainda virgem.

Desempregada e a ficar sem dinheiro muito rapidamente, aguardava com alguma preocupação a chamada da Josefa em que ela me contrataria novamente. Até hoje, porém, nem me ligou! Se queria conseguir alimentar os meus avós - que, como estão cá ilegais, não têm reforma -, o ConiPiçi e comprar produtos de beleza, tinha de fazer algo urgentemente, sabia-o. Deitei-me na cama, a observar as gaivotas a defecar sobre os humanos, e foi assim que me lembrei de Alberta. E, perguntam-se vocês, quem é ela?

Alberta sempre trabalhara para Josefa, contou-me várias vezes, enquanto descascávamos batatas. Em adolescente, ia a casa de Josefa cuidar dos filhos dela; quando tinha 20 e tal anos, ajudou-a a montar uma peixaria que pouco sucesso teve; agora, desde há já alguns anos, trabalhava ali na cozinha do restaurante. Alberta e eu éramos amigas, ou, pelo menos, ela assim o pensava. Era óbvio que me ajudaria, se eu a convencesse devidamente. Liguei ao Jorge, um amigo meu que, como vos tinha contado, é virgem, e o meu plano começou.

Horas mais tarde, fui com o Jorge de autocarro até à zona da cidade onde está localizado o café (não vou dizer o nome por razões óbvias), contando-lhe todos os detalhes do que se passaria. Ele, claro, alinhou - devia-me um favor, de quando eu lhe emprestei uns vídeos pornográficos que uma conhecida da Sónia protagonizou. Entrámos lá no café e ele sentou-se ao canto, fingi que nem o conhecia. Pedi à Alberta para se sentar numa mesa comigo (a Josefa não estava e a Cátia estava a limpar os azulejos da cozinha, ao que parecia). Começámos a falar, calmamente, eu a sondar sobre as capacidades da Cátia para o emprego, ela a tentar saber se eu conhecia algum homem que talvez quisesse sair com ela, e foi então que eu lhe fiz a seguinte proposta, apontando para Jorge, que bebia uma água de forma - pensava ele - sensual: ela tramava a Cátia, fazendo com que ela fosse despedida pela Josefa, e, em troca, ia para a cama com o meu amigo. Ela mostrou-se relutante mas quando eu disse "Ele é virgem, também", ela não pensou duas vezes e aceitou. Contudo, disse-lhe que a minha parte do acordo só aconteceria quando eu estivesse novamente a limpar aquelas mesas cheias de ácaros envelhecidos.

Pois bem, agora é só esperar. Cátia, eu avisei-te, quem se mete com a Sílvia não sai ileso. Daqui a nada, estarei novamente na Josefa e tu vais ser humilhada. É uma questão de tempo até isso acontecer.

P.S.: visitem o blog: www.ovelhas-ranhosas.blogspot.com!
P.S.1: na foto, eu, há um ano, numa rua chinesa situada em Madrid, linda como sempre fui.

Thursday, August 16, 2007

Escapadela Romântica

Oi gente! Kunichiwa feliz para todos! Peço desde já a todos os homossexuais fãs da Madonna, a todos os heterossexuais descomprometidos, enfim, a todos os meus visitantes, um pedido de desculpas pela minha demora. Contudo, alegrem-se ao ouvir o motivo: fui com o Rui para Beja, durante dois dias, numa escapadela romântica.

Como sabem, na Terça-feira (como disse no post anterior), fui almoçar com o Rui. Lá no restaurante, enquanto comíamos hambúrgeres mal cozinhados, ele fez-me uma proposta: ir com ele na Quarta, de manhã cedo, para Beja, visto que ele tinha uma casa lá nas montanhas. Só voltaríamos hoje à tarde. Indecisa, olhei em volta, a ponderar... contudo, quando me lembrei dos meus avós a cozinhar lá em casa, a sujar a cozinha com os molhos orientais, decidi aceitar. Passei a madrugada a fazer as malas e às 07:00 da manhã do dia seguinte lá estava Rui no seu carro, à entrada do prédio à minha espera.

Depois de algumas horas de viagem pelas inúmeras terras de Portugal, num dia algo calorento, atravessámos umas montanhas lá em Beja e chegámos à casita - era mais uma cabana, nos meus perâmetros, mas enfim. Descarregámos as malas no interior da casa - que tinha apenas uma cozinha/sala, uma casa de banho e um quarto - e, depois de almoçarmos, fomos dar um passeio pelo mato.

Ele andou a contar-me umas histórias, apresentou-me uns idosos e conhecemo-nos um pouco melhor. A noite chegou e voltámos para casa. Depois de jantarmos à luz das velas e das chamas que irradiavam da lareira, cheia de lenha (a luz falhou, não me perguntem porquê), ele, inesperadamente, agarrou-me e levou-me ao colo para o quarto. Ia haver sexo, sabia-o.

Estávamos nós lá na cama, debaixo dos cobertores, a despirmo-nos, com os corpos cheios de adrenalina, quando o meu telemóvel começa a tocar. Ele ainda tentou impedir-me de atender mas eu nunca recuso uma chamada - experimentem e comprovem -, por isso, atendi, aborrecida. Era o meu avô, a dizer-me que o papel higiénico acabara. Enquanto eu lhe contei onde eu guardava os rolos, vi o Rui, zangado, a sair do quarto. "Vou buscar mais lenha", disse-me.

Depois de ele sair de casa sentei-me na cama, pensando que se calhar teria sido melhor não atender o telemóvel. Foi então que um acontecimento marcou o final do dia, acontecimento esse que me intrigou bastante: o telemóvel dele, pousado na mesinha-de-cabeceira, começou a tocar e eu, vendo que o Rui se demorava, decidi atender. "Estou???", disse, várias vezes, mas ninguém respondeu. Segundos depois, desligaram. Quem seria? Ele voltou e fui até à cozinha, onde falámos mais um pouco até irmos para a cama novamente (contudo, nada aconteceu).

O dia seguinte começou chuvoso. Quando acordei, já ele estava acordado. Fui até à cozinha e tomei o pequeno-almoço que ele preparara (estava bom, devo confessar, mas as torradas estavam completamente queimadas), reparando que ele continuava zangado. Tentei animá-lo e comecei a falar de assuntos mais picantes. Quinze minutos depois, estávamos na cama a continuar aquilo que ficou por acontecer na noite anterior.

"Deixas-me louco", dizia ele, despindo-me de forma selvagem. Continuámos a enrolar-nos, enquanto nos despíamos rapidamente, contudo... não foi dessa vez que aconteceu. Sim, houve um acontecimento que nos impediu: beijavamo-nos apaixonadamente quando, lá fora, se ouve uma buzina estridente terminar com aquele momento de paixão. A pessoa continuou a buzinar e ele foi até à janela ver quem era. "Merda!", gritava ele, voltando para o quarto. Perguntei quem era, o que se estava a passar, mas ele apenas me disse "Esconde-te, e rápido."

"Quê?! Onde??", perguntei eu, mas ele não me ouvia. Apressado, vestia as calças enquanto me dizia para me esconder debaixo da cama. "Não!" e ele "No armário, então", e eu "Também não!" e ele apenas disse "Então despacha-te a arranjar um sítio", enquanto lá fora uma mulher berrava palavras que eu não percebia. Olhei em volta, com o coração a bater a mil, e foi então que achei o sítio ideal para me esconder (de quem? também me questionava): a lareira.

Aninhei-me para entrar e, já lá dentro, ajeitei aquela grade... sabem, aquela grade para que as cinzas não passem para o exterior? Sim, essa mesmo, ajeitei-a e fiquei - penso eu - devidamente escondida na sombra. Quando ele abriu a porta, tentei acalmar a respiração, enquanto via aquela ex-namorada dele (a do restaurante) irromper pela porta, berrando "Onde está a pêga?!". CREDO, pensava, enquanto ela começava a revirar os lençóis da cama, e depois a abrir as portas do armário, sempre a olhar para todos os lados e a dizer "Onde está a pêga?! Onde? Vadia, aparece!" e eu estava mais chocada do que nunca. O Rui dizia-lhe que estava sozinho, tentava explicar-se a todo o custo e foi isso que me preocupou: se ele se tinha separado dela, porquê aquele aparato? A resposta, contudo, veio nos momentos seguintes.

A tentar não falar, ouvia-os discutir sobre várias coisas. Pelo meio, consegui perceber que eles se estavam a divorciar (ela era a mulher dele, afinal!) e que tinham acordado que ninguém iria para aquela casa com futuros namorados pois, aparentemente, era o refúgio deles - que romântico, só me apetecia esganá-la! Só eu é que não tenho esse tipo de coisas... enfim. Ela estava a fumar e aproximou-se da lareira para despejar a ponta do cigarro queimada. Assim o fez, e senti uma coisa quentíssima cair em cima de um dos meus pés. Sem querer, um "ai" saiu-me da boca e ela voltou-se, de novo irada.

Ela levantou a grade e viu-me, por fim. Contudo, eu decidi fazer o meu papel: o de vítima. Saí de lá, enquanto ela me olhava, chocada (não sei se era por ver que realmente estava ali outra mulher ou se era por causa do meu aspecto, cheia de cinzas) e disse "Ah és casado? Acabou-se tudo entre nós.", indo para o quarto pegar nas malas. Alguns minutos depois, saía eu de casa, com as malas nas costas, enquanto eles continuavam a discutir, seguindo-me até à entrada. Ele tentou impedir-me, mas eu segui caminho.

Devia eu ter percorrido uns três-quatro quilómetros, quando parei para descansar um bocado, estafada. O tecido das malas já estava rompido, de tanto as arrastar. Olhei em volta e só via campos cheios de trigo seco. Continuei a andar mais um pouco e foi então que me lembrei: eu estava em Beja. Horror, eu sei! Estava a centenas de quilómetros de casa! Que escolha tinha eu...? Dei meia volta e voltei.

Quando cheguei novamente a casa, já a outra se tinha ido embora e escurecia. Encontrei o Rui na cozinha e falámos um bocado, calmamente. Foi então que ele me ofereceu uma caneca de chocolate quente e, sentados no sofá, me começou a contar todos os detalhes da história entre ele e a mulher. Já não importava se fazíamos ou não amor. A honestidade que ele revelou naquela conversa valeu por tudo. Beijo asiático, que o post já está do tamanho da China.

Monday, August 13, 2007

As Matulonas não choram

Uma nova fase inicia-se hoje na minha vida. Para trás fica o desejo de ser mamã, o desejo de trabalhar no Feira-Nova, o desejo de ser feliz com um bebé nos braços. Voltei à minha fase de diversão, cultura e praia. Hoje, voltei a ser a Sílvia Monteiro. Sabem, aquela que viram nos primeiros posts? Sou eu.

Quem absolutamente amou eu voltar a ser como era foi a Sónia. Sabem, ela adora sair comigo e confidenciou-me que já não suportava os meus subnick's relativos à gravidez. Diz também que estava farta de, sempre que saíamos, eu já não ser divertida. Em vez disso, falava sobre roupa de bebé, nomes, carrinhos-de-rodas. Que horror, não acham? Quando ela me contou, nem me reconhecia!

Ah, e por falar nela...! Tenho novidades em relação ao romance dela com aquele que vimos perto da estátua. Já nem me lembro se vos disse o nome dele... Disse? Calma, esta minha memória asiática... vou ver os posts. Ah, não disse. Pois bem, aparentemente ele chama-se Roberto e é um desastre na cama. A Sónia disse que fizeram sexo pela primeira vez no Sábado e que foi horrível. Nem sabe meter um preservativo, dá para acreditar?

Tenho também outra novidade relativa aos meus avós: foram expulsos do seu apartamento pelo condomínio, depois de meses sem pagarem a renda. Como imaginam eu não tinha conhecimento disto (se tivesse, pouca diferença fazia, verdade seja proclamada) e fiquei comovida com a cena de choro protagonizada por eles hoje de manhã. "Sílvia, filha, não temos mais ninguém a quem recorrer!", gritavam. Eu, claro, pensei nos benefícios de os ter cá em casa... a minha avó é boa cozinheira, lembrei-me e pronto, mudaram-se para cá. Contudo, já me arrependo um pouco: o meu quarto é o único sítio da casa onde se consegue estar sem se sentir um odor horrível - nem queiram que fale da casa-de-banho, se não...

E pronto, cá estou eu. Amanhã vou almoçar com o Rui - claro que vai pagar ele, estou quase sem dinheiro - a algum restaurante de fast-food e ainda vou ver se me apetece ir à procura de emprego. Xau pra todos! Muah!

Sunday, August 12, 2007

Revoltada com o mundo

Não se espantem ao ler o título do post. Espantem-se antes com o que vos conto, a seguir. Revoltada com o mundo? Estou, sem dúvida. Com razões? Leiam e digam de vossa justiça.

Este fim-de-semana nem comi nada. Simplesmente, apetece-me... berrar com toda a gente, de indignação. Deixem-me começar pelo início. Sexta-feira à noite decidi ir ao médico, ao meu tio Edison, para fazer umas ecografias para ver como estava a criatura dentro da minha pança. Cheguei lá, felicíssima da vida, e deitei-me na maca. Conversámos enquanto ele mexia lá nas máquinas... eu estava feliz, uma mãe babada, até que ele me diz uma coisa horrível: o meu feto estava morto. Sim, m-o-r-t-o.

Dá para acreditar? Sei que não. Atirei-lhe com um tubo de ensaio à cabeça enquanto ele gritava, perguntando-me se tinha feito sexo recentemente, ao que eu respondi "Não!" e ele "E vibrador?" "Ainda ontem à noite, porquê?" e ele justificou a morte do meu bebé dizendo que eu, ao usar o vibrador, o introduzi demasiado na vagina e rachei a cabeça à criança, que se esvaiou em sangue nos momentos seguintes. Eu comecei a chorar como uma Madalena e deitei-me no chão, gritando de indignação. Digam-me, aquilo é coisa que um médico diga a uma mãe que passa todos os momentos do seu dia fantasiando com o futuro do filho? Com as suas namoradas, com a primeira conversa sobre sexo? Eu penso que não. Foi então que ele me contou que estava a... brincar! E eu, esperançosa, ainda perguntei se estava grávida, ainda. "Não, nunca estiveste. Foi um erro no teste de gravidez", respondeu-me.

Voltei para casa, feita mãe da Maddie, com um pelhuce na mão, a chorar pela berma da estrada. É então que um carro passa sobre uma poça de água do esgoto e me molha toda. Berrei, e ainda me cuspiram na cara, enquanto se riam! Que fiz eu? Nada. Absolutamente nada. Voltei para casa, humilhada, e ainda não estou em mim. O Rui telefonou-me ontem, contudo, rejeitei a chamada. Não estou com vontade de falar com ninguém. Nem contigo, Sónia. Desculpa, amiga.

Descansa em Paz, Anacleto/Yoshishita.

Thursday, August 9, 2007

Não perde pela demora

Oi meus leitores! Gostaram dos posts de ontem? Espero bem que sim, porque só vocês têm acesso a essas informações. Vocês, que lêem este blog e fazem figas, secretamente, para que a minha vida dê certo. Vocês, que me enviam e-mails preocupados. É a vocês que vos conto o que se passou hoje comigo.

Pois bem, hoje a minha manhã foi preenchida por algumas entrevistas a empregos que fiz. Vesti uma roupa discreta e lá fui eu bater de porta em porta, a pedir por emprego. Cheguei à uma da tarde e nenhuma das entrevistas correra bem, devido ao meu nervosismo. Sentei-me na relva, num parque da cidade, a reflectir no que fazer. Foi então ao sentir a urina de um cão sobre a minha perna esquerda que me lembrei do que fazer: recorrer à Josefa. Levantei-me, berrei com o cão e apanhei um autocarro para a zona mais idosa da cidade.

Saí do autocarro e caminhei pelo passeio. Antes de entrar no café, respirei fundo e caminhei por entre as mesas impestadas de velhotes, que me mandavam piropos enquanto eu continuava, confiante, até ao balcão, lá ao fundo. "Sim, sei que sou boa, continuem a babar-se", pensava, não conseguindo disfarçar um sorriso. Adoro dar show, sabem disso. Cheguei lá e a Josefa veio da cozinha e, mal me viu, gritou "Sílvia, minha piquena, tudo bem amor? Ouvi dizer que estás prenha, deixa-me ver essa barriga!" e eu tentei manter a pose, apenas respondendo "As notícias correm depressa", enquanto ela me tocava com as mãos gordurosas.

"Que fazes aqui? Vieste visitar a tua velhota?", perguntou-me ela. "Acha mesmo que vinha aqui para visita-la?", disse eu e ela "Então?", ao que respondi "Vim implorar-lhe emprego, que me aceite de volta". Aí, ela ficou silenciosa. "Pois... Mas Sílvia, é que..." e eu pensei logo no pior: ela tínha-me substituído. "PÁRA TUDO! Você não me substituiu, pois não?", berrei, olhando para a cozinha. Ela tentou explicar-se mas eu não me deixei enganar e entrei por lá a dentro, apesar dela me tentar impedir.

Então tentem adivinhar quem é que eu vi a comer um rissol à socapa, enquanto fazia uma tosta-mista, lá na cozinha? A Cátia! Sim, aquela rameira. Fiz um escândalo, arremessei com pratos pelo ar, parti uma vassoura. No fim? Fui expulsa por um grupo de velhotes. Apanhei o autocarro e voltei para casa, furiosa. O ConiPiçi (meu gato) mal me viu entrar, escondeu-se logo no armário das panelas. Ele já sabe que quando estou assim sou capaz de cometer loucuras! Agora digam-me, que faço? Se não encontro emprego rápido, nem quero pensar...
Quanto à Cátia? Vejam o título do post. Beijinhos asiáticos

Wednesday, August 8, 2007

Só a mim...

Só a mim é que me acontecem coisas destas... definitivamente. Já nem sei que dizer, eu só atraio "coisas".

Ontem à tarde, estava eu a folhear o jornal - não irei dizer qual pois não me pagam para fazer publicidade - com a Sónia, enquanto bebíamos chocolate quente e falávamos da vida, procurando um emprego para mim nos Classificados, quando recebo uma chamada: era o nadador-salvador, de nome Jorge. Convidou-me a sair e eu, entusiasmada, pus em alti-falante. Falámos durante alguns minutos, com a Sónia a escutar tudo e a dar-me sugestões para as respostas. No fim, contudo, ele fez-me uma pergunta que me deixou reticente: "Posso levar um amigo?". "Claro!", respondi eu. Maldita hora, digo-vos!

O encontro parecia-me interessante, romântico: iríamos jantar num restaurante perto da marina, à luz das velas! Encontramo-nos, à noite, quando ele me veio buscar. Estava l-i-n-d-o, todo janota. Eu, claro, passara horas a produzir-me e a conversar com a Sónia na casa-de-banho: ela a ler a Mulher Moderna sentada na sanita e eu na banheira, lavando-me. Fomos para o restaurante no seu carro, logicamente.

Quando chegamos lá, o ambiente era agradável. O restaurante? Requintado. Sentámo-nos e, contudo, quando íamos pedir ele disse: "Esperemos pelo meu amigo". Já estava a começar a ficar chateada com o amigo dele. Contudo, contive-me e bebi mais champanhe. O amigo chegou 20 minutos depois. Pedimos a comida e, quando começámos a comer, a conversa começou a mudar de tom. Eles começaram a levar a conversa para sítios mais perversos, sempre com insinuações alusivas ao sexo. Eu, contudo, mal respondia. Limitava-me a comer e a ter a boca cheia - assim, tinha a desculpa de que falar de boca cheia é má-educação. O Jorge foi então directo ao assunto: "É assim, Silvina..." "Sílvia!", interrompi eu, "Sílvia, como queiras. Nós queremos, digamos... ter uma noite a três." e eu "E já não estamos a ter? Passei eu horas na casa-de-banho para isto?" e ele "Não, não estás a perceber. Nós queremos ter a continuação da noite a três." e eu "Como assim???" e foi então que o outro falou, em tom grave: "Fogo, és burra ou quê? Queremos ter sexo a três!" - e eu aí fiquei... vocês devem imaginar!
Foi então que o Jorge voltou a falar: "Sílvia, nós somos bis. E sempre nos excitou a ideia de fazermos a 3 e filarmos" e eu "Bem mas eu não vou fazer isso" e ele "Nós pagamos-te, claro!" - disse-me ele. Pagar-me? Toma-me por quem? Eu a querer uma noite romântica e saem-me com aquilo? Meu Buda!

Despedi-me deles e apanhei um táxi. Ontem, sentia-me muito sozinha. Quando chegava a casa, encontrei o Rui lá à porta, com um ramo de flores, sentado nas escadas. Tentei ignorá-lo, a minha noite iria ficar pior! Contudo, ele meteu-se no meu caminho e disse-me "Sílvia, desculpa-me por tudo. Por favor, vamos recomeçar" e eu tentei dizer-lhe que não mas ele agarrou-me o braço e eu comecei a chorar, abraçando-o. "Que se passou? Conta-me", disse-me ele E ali ficámos, nas escadas de pedra, a falar por algumas horas.

Não fugi

Oi! Bem, já estava com saudades de postar no meu blog! Sim, eu sei que a minha curta ausência vos preocupou, mas não se preocupem que eu não fugi. Hoje farei 2 posts: este e outro, a contar o meu encontro com o nadador-salvador.

Já alguma vez aqui falei sobre os meus pais? Hum, penso que não. Contudo, concordo com aquele ditado no sentido de que há sempre uma primeira vez para tudo. Pois bem, hoje será a primeira vez. Leiam todos os detalhes, a seguir.

Nasci a 20 de Outubro de 1987, às 05:40 da manhã, segundo a minha avó. Nesse dia, nascia uma criança com um futuro horrendo pela frente. Sou, apesar de tudo, uma sobrevivente. A minha mãe? Trabalhava, clandestinamente, como operária de uma fábrica e, meses depois de me ter, fugiu para o seu país-natal, o Japão, cheia de medo. Nem da sua voz me lembro. O meu pai? Tinha 48 anos quando nasci e trabalhava como mecânico. Cumpre, actualmente, uma pena de 10 anos por ter morto uma mulata e o seu namorado por eles não lhe pagarem o concerto do carro. Faz, no mês que vem, 69 anos.

Quem me criou? A minha avó, antes de ficar cega, e o meu avô, quando ainda conseguia controlar os intestinos. Hoje, estou por minha conta. Enfim...

Monday, August 6, 2007

A melhor da turma

Oi para todos... Hoje o meu dia melhorou um pouco quando entrei naquela aula de canto - ainda não desisti de ser cantora. Conto-vos tudo, como sempre.

Depois de pôr quilos de maquilhagem de modo a disfarçar as olheiras, vesti uma roupa discreta e saí, com uns óculos de sol a ajudar-me a ganhar confiança. Fui a pé até ao local onde seria a minha primeira aula e, hesitante, entrei.

Apresentaram-me à turma - o professor é um pão, estou de olho nele - e continuaram a aula (sim, cheguei atrasada)! Estavam mais ou menos dez pessoas lá - 6 mulheres, 4 homens, um deles homossexual - e todos cantavam mal, como vi quando cada um cantou um pouco de uma música, enquanto o professor os acompanhava no piano. Porém, estava lá eu a disfarçar o meu riso tapando a cara com o chapéu quando o professor me chama a cantar. Fiquei pálida.

Sabem, eu já nem me preocupei. O meu dia não podia correr pior, não é verdade? Dei uns passos em frente e sentei-me, sensual, sobre o piano. "Long Night, dos Corrs. Pode começar a tocar.", ordenei eu, ajeitando o cabelo, confiante. "Não sei essa..." respondeu-me ele. "Pronto, Stars Are Blind...". "É para já", respondeu-me.

Comecei, calmamente, a cantar. Podia ver os risos estampados na cara deles, quando passei para o refrão. Contudo, continuei a cantar e mais: provocadora, insinuei-me aos alunos (e às alunas também) em poses sensuais, enquanto cantava. No fim, aplausos e uma boa nota pelo professor. Recebi, inclusivé, um ramo de flores. Acho que encontrei a minha vocação!

Não me mereciam

Que fiz eu para merecer tal fado...? É com lágrimas que vos escrevo este post. Apenas a vocês, meus leitores, eu conto estas coisas. Obrigado pelo apoio que sempre me prestam, quer nos comentários, quer no msn. Agora, o que se passou.

Hoje foi o meu último dia no Feira-Nova. Sim, parece que já nem sorte no emprego tenho. Estava eu lá na caixa a atender os clientes quando ouço uma voz grave falar no altifalante "Sílvia é favor chegar ao meu gabinete, de imediato!". Um bocado atormentada, cumpri a ordem. Quando lá cheguei, estavam 3 pessoas - uma mulher feia e velha, o chefe e o gerente - que me aguardavam. Em cima da mesa, reparei, estava a minha mochila e roupas de bebé.

Disseram-me que me sentasse e eu cumpri a ordem. Quase de imediato, ouvi as suas vozes, estridentes, bombardearem-me com perguntas: "Explique-nos como isto foi encontrado no seu cacifo!" ou "Você tem motivos para roubar? É pobre?", "Que tem a dizer em sua defesa?!". Eu, em choque e sem saber como explicar o sucedido, comecei a chorar como uma desalmada. Isto, em vez de fazer com que eles tivessem compaixão, ainda os fez gritar mais comigo, chamando-me ladra e mentirosa.

Peguei na mochila, enquanto enxugava as lágrimas, e corri dali para fora. Lá em baixo, um grupo de pessoas viam-me a correr em direcção às escadas, notei. Eu chorava e corria. Porém, a maior humilhação foi quando ouvi o altifalante outra vez: "Caros clientes, aquela asiática que vêem a correr tentou assaltar o nosso estabelecimento. Não se deixem enganar pelo fato, já está despedida. O Feira-Nova deseja uma boa tarde a todos e recomenda que visitem a zona do papel higiénico."

Aí, quase morria. Tapei a cara com a mão e corri para fora do hipermercado. Uma idosa, ao ouvir a mensagem do altifalante, tentou atropelar-me com o carrinho das compras, insultando-me! Eu, contudo, não parei de fugir, até que cheguei à estrada e apanhei boleia de um desconhecido, que se mostrou generoso. Cheguei há minutos e ainda não recuperei da humilhação.

Porquê, porquê? Digam-me, isto é vida?

P.S.: Logo vou ter a primeira aula de canto, desejem-me sorte!

Sunday, August 5, 2007

Um dia na praia


Oi meus queridos! Desculpem não ter dado notícias todo o dia mas é que sabem, estava a torrar, literalmente, na praia - e não era pelo sol de 50 graus (ok, 28) mas sim pelos corpos que desfilavam à minha frente. Sim, sabem, adoro corpos gordos semi-nus a passar por mim - fazem-me feliz, olhando para a minha silhueta!

A minha companhia hoje foi a Sónia e a Vanessa, como habitual. Estivemos lá na praia e digo-vos, a Sónia coitada, apanha sempre um escaldão! Não percebo aquela rapariga... Sónia, amor, para a próxima vai toda coberta! Ah, e ela já está a recuperar da morte da avó, fiquem mais contentes.
Mas o meu dia teria sido normal... não tivesse eu feito uma coisa da qual não me arrependo. Conto-vos tudo, leiam.

Estava eu lá deitada na toalha quando vejo um homem bonitíssimo: o nadador-salvador. Comentei com a Sónia e com a Vanessa e elas assentiram. O que é que eu faria para falar com ele? Fingiria um afogamento. Elas disseram "Não eras capaz..." e sabem como é quando me provocam. Por isso, fui até à água...

Cheguei lá, rodeada por crianças a urinar na água e as suas mães a falar das velhotas. Foi então que olhei para as outras e as vi a rir-se. Olhei para ele e vi-o atento. Era o momento! Comecei a nadar para a parte mais funda... e preparava-me para a cena que iria fazer quando vejo um rapaz pequeno a 3-5 metros de mim, a afogar-se! Meu Buda, fiquei apavorada. Olhei para a praia e vi que ninguém reparava. Decidi agir.

Nadei até ele e agarrei-o, berrando-lhe para que se acalmasse. Na praia, apesar de eu não saber, a Vanessa e a Sónia observavam a cena (contaram-me depois) um pouco confusas, até que decidiram alertar o nadador-salvador! Então, eu lá lutei para salvar o miúdo - fui várias vezes ao fundo - mas consegui! Consegui trazê-lo até à costa. Quando chegámos à areia, fui recebida com aplausos e o nadador-salvador, impressionado, convidou-me a sair um dia destes e deu-me o seu número. Estou feliz!

P.S.: Invejem a minha foto.

Saturday, August 4, 2007

É menos uma!

Eu devia estar de luto mas a verdade é que, agora como sou Budista, estou é feliz e é com grande satisfação e prazer que anuncio que a avó da Sónia, de nome Arminda Colina, faleceu há vinte minutos em casa, ao lado da cadela, deitada no chão da sala. A causa da morte: o coração parou de bater (não me lembro do termo técnico).

Aos 80 anos, Arminda já deve ter deixado uma elevada quantia de material fecal nos nossos esgotos. Estou também contente por saber que não contribuirá nem com mais uma grama para o sobrelotamento dos esgotos. Yay!

Sóninha, sabes que estou cá para tudo. Nasce um, morre outro! É a vida, filha. Beijo, amanhã já sabes: ida ao parque de estacionamento cantar rap.

Futura Mamã

Hoje é um dia feliz para a Sílvia Monteiro (que sou eu, caso não saibam). Uma nova etapa (espero que cheia de alegrias) acaba de se iniciar com a descoberta, hoje, de que estou mesmo grávida. Fiz também análises para saber se tinha DST's mas vou aguardar os resultados. Digam-me, meus leitores, há alguma coisa mais gratificante do que saber que temos uma vida a crescer dentro de nós? Grande parte da população mundial (os homens) nunca saberá o que isso é, por isso acho que é uma dádiva!

Sim, é claro que me preocupa o facto desta criança ter sido concebida em tais circunstâncias - não sou nenhuma tolinha, como sabem. Mas sabem que mais? Eu não falei com a Cátia, tentando saber quem era ele, apesar de talvez ser a coisa mais acertada a fazer. Chamem-me egoísta, mas quero desfrutar desta viagem sozinha! Já imaginaram, eu grávida? Vou ser o centro das atenções em todo o lado, como sempre mereci. Todos a perguntar-me quantos meses faltam para o parto, se está tudo bem, a apaparicar-me com presentes: finalmente, serei uma rainha.

Apesar de um acontecimento algo inesperado, não deixa de ser positivo: assim, quando o meu filho/filha quiser ir para a discoteca, eu ainda serei nova e vou também! Ah, já me esquecia! Já tenho dois nomes: Anacleto e Yoshitita (caso seja rapariga). Dêem-me os parabéns, porque eu os mereço.

Friday, August 3, 2007

A Recuperar

Boa-tarde a todos! Deixem-me, antes de mais, agradecer todo o apoio. Não posso referir nomes, pois são muitos. Contudo, deixo aqui um obrigado especial para vocês. Agora que já agradeci, quero contar-vos como foi o meu primeiro dia no Feira-Nova de Gaia.

Depois de alguns minutos a explicar-me como eram as coisas por lá, uma funcionária, de nome Fabiana, guiou-me até à caixa registadora onde estaria confortavelmente sentada a passar as compras dos clientes por aquela coisa... não sei o nome, aquela coisa que faz "pi-pi", sabem? Continuando, lá fiquei. Os primeiros clientes foram algo difíceis porque eu estava sempre a enganar-me e a máquina empancava. Passado duas horas, contudo, já estava uma craque.

As horas que passei lá não tiveram nada de especial (foram aborrecidas, até) excepto na altura em que vi o Rui. Sim, aquele que tinha uma namorada e que marcou um encontro comigo. Quando o vi, o meu coração começou a bater a mil. Disse-me "Olá" e eu apenas o tratei como outro cliente qualquer. Tentou meter conversa, mas eu nada disse. Contudo, aproveitei enquanto ele insistia para passar as bolachas que ele comprou 3 vezes, lá no "pi-pi". Assim, pagou a mais!

Bem, amanhã irei fazer análises e o teste da gravidez, por causa daquilo de ontem. Nunca se sabe, amores... E, na minha vida, ainda pior. Beijo

Burra, burra, burra

Sinceramente, não aprendo! A sério, digam-me, como é que alguém pode errar tantas vezes? Ontem à noite fiz algo que pode ter consequências sobre as quais nem quero pensar agora. Continuem a ler.

Foi assim: Estava eu, muito espirituosa, a meditar a Buda pedindo boa sorte para o dia de hoje (estreia no Feira-Nova de Gaia) quando ouço o telemóvel a tocar. Demorei uns segundos a sessar a meditação e fui atender. Era a Cátia, convidando-me para irmos a uma discoteca as duas, com a desculpa de querer desenvolver a nossa amizade. Eu recusei. Porém, ela lá insistiu por mais meia-hora e eu aceitei.

Fomos para a discoteca juntamente com outras amigas dela. O ambiente estava propício mas eu, espirituosa, decidi que não iria beber álcool. Mas enfim, a meio de danças e de risos, lá estavam elas a incentivar-me a beber. Estava eu já meia alucinante quando reparo num rapaz extremamente bonito. Arrastei-me para a beira dele e, com tanta bebida, a última coisa que me lembro foi de sair da discoteca com ele. Mas calma, o pior ainda está para vir.

Como sabem, eu bebi tanto que já mal me segurava. Então, aquele desconhecido cuja face mal recordo levou-me dali. Hoje de manhã acordei horrivelmente dorida, com uma dor de cabeça do tamanho da Simara, a ser banhada pela água do mar. Sim, eu estava na praia! Quando abri os olhos pela primeira vez, uma onda explodiu, atirando contra mim terra e pedras. Tentei levantar-me, ainda sem real consciência do que se passava, apenas para me aperceber de que apenas estava vestida com a t-shirt que levara comigo, porque as calças, as cuecas e o resto desaparecera. Olho em volta, preocupada, e eis que vejo as minhas cuecas a flutuar na água. Corri para elas e vesti-as rapidamente.

Na altura não pensei muito no assunto mas, agora que vos relato esta aventura, tenho a ligeira sensação de que ontem à noite fiz sexo. Reparem: estava sem cuecas, bêbada. Envergonhada, corri pela praia até a minha casa (que ficava a 5 quilómetros de distância). Quando entrei no MSN, hoje, reparei no nick da Cátia: "Bem feita, Sílvia, aprende que comigo não te metes!" e lembrei-me de que também o meu telemóvel desaparecera - onde estava a prova de que a Cátia vê porno lésbico. Só que o que ela não sabe é que eu guardei-a no computador há dias! Toma, toma, toma!

Contudo, digam-me. Quando é que eu aprendo? Ainda ontem estava convicta de que encontrara o meu rumo e fui-me perder para uma discoteca. E, ainda por cima, não sei se ontem fiz sexo. Posso, neste momento, ter uma (ou várias) DST no meu corpo! Eu, definitivamente, nunca terei boa sorte. Já me conformei.

Thursday, August 2, 2007

Religiosa

Kunichiwa. Venho por este post anunciar que vou dar um novo rumo à minha vida - a ver se é desta que encontro o meu caminho! Sim, estou religiosa. Numa conversa com a minha avó, hoje de manhã, cheguei à conclusão que terei de obter as minhas forças através da meditação, através de Buda. Chega de más energias à minha volta. Estou farta de problemas. Viram o que me aconteceu ontem? Se aquilo acontece a alguém a não ser a mim! Mas não, eu agora sou outra. Com a ajuda de Buda, conseguirei atingir os meus objectivos - ser cantora e ser feliz comigo mesma. Por isso, esperem por novidades. Ah, e amanhã começo a trabalhar no Feira Nova de Gaia em Part-time por isso, se quando forem lá encontrarem a asiática mais bonita que já viram, sou eu! Beijinho

Wednesday, August 1, 2007

Porquê?!

Não digo Kunichiwa porque estou horrivelmente deprimida. À minha volta, lenços e lágrimas. Sim, meus amores, a minha vida deu outra volta - para pior, desta vez. Parece que não consigo ter 5 minutos de felicidade. Querem saber porquê? Leiam o resto do post, então.

Hoje estava eu a ler "A Ilha", totalmente deliciada com a história, quando recebo um telefonema do Rui. Entusiasmada, soltei um grito e infelizmente deixei cair a chávena de café sobre as páginas do livro, no meio de tanta alegria. Resultado: vou ter que comprar um livro novo :(. Contudo, isso não me afectou muito pois alguns minutos mais tarde os meus olhos brilhavam outra vez: o Rui convidara-me para jantar hoje à noite. Eu, claro, aceitei. Vinha-me buscar às 21:30, dissera-me.

Passei 1 hora no banho de imersão, rodeada de champôs, de cremes e de todo o resto, tentando pôr-me um pouco mais bonita (sei que é difícil, contudo). Vim, às 21, até aqui dar uma palavrinha ao Flávio e saí logo do MSN, impaciente!

Ele chegou à hora combinada e eu meu Deus, estava tão feliz. Ele estava lindo, a sério. Eu quase desmaiei quando o vi... mas pronto, lá consegui regressar. Cumprimentamo-nos e apressamo-nos a ir até ao restaurante - ah, e ele ainda me disse que eu estava linda.

Chegámos lá e e eu estava completamente maravilhada com o local - chique, bonito, sofisticado, tal como eu. Fomos até à mesa e o jantar começou, oficialmente. Digo-vos, ele foi um cavalheiro, puxou-me a cadeira para eu me sentar, foi simpático, divertido, contando piadas não machistas nem grosseiras que me fizeram rir, foi inteligente ao falar de assuntos que eu também adoro. No entanto, o desastre ocorreu quando uma mulher entra no restaurante a correr e começa lá a berrar alto, dizendo que ele era o namorado dela! A minha pele nunca ficou tão vermelha como naquele minuto! Apetecia-me fugir. Ela começou a chamar-me nomes (que preferi ignorar) até que se virou para o Rui e disse "Então cancelas o meu jantar lá em casa para vires aqui... com esta chinoca?!". Chinoca? Não me calaria por nada. Levantei-me, peguei na garrafa de vinho e partia na cabeça dela. Sim, foi inconsequente mas digo-vos, não pensei! Ela caiu no chão e toda a gente olhou para mim chocada. O que fiz? Peguei no copo, bebi o resto de vinho que tinha lá e despedi-me.

No entanto, cá fora, chorei. E ainda agora choro. Choro pela minha atitude face ao racismo, pela minha atitude face ao amor, a tudo! Só num dia perdi a dignidade, um livro e um possível namorado. Estou desgostosa, outra vez.

O caminho para a felicidade

Kunichiwa novamente para todos os meus leitores (sei que são muitos, apenas não comentam). A minha vida é uma montanha-russa mas, felizmente, estou a encontrar o caminho para a felicidade, aos poucos. Hoje, contudo, mais um incidente ameaçou arruinar-me a vida.

A Sónia leu o post de ontem, em que eu contava o que se passou com a Cátia e, curiosa como sempre, marcou um almoço comigo hoje no McDonald's (odeio, mas a companhia era muito boa e lá os empregados são sexys). Estávamos lá, histéricas, a falar do que se passou ontem, a rirmo-nos como umas perdidas, quando eu me engasgo. Meu Deus, que aflição. Não sei como é que aquilo foi, eu a rir-me tanto e de repente fiquei entalada, sem conseguir respirar. Um horror. Tentei pedir ajuda à Sónia, mas ela só se ria, a pensar que eu estava a brincar - já viram isto, o meu drama? É então que, no meio do desespero, um desconhecido sentado na mesa ao lado se levante e me acode, dizendo que é médico. Não sei o que ele fez mas, segundos mais tarde, já estava tudo bem outra vez!

Sabem como é, eu sou muito elegante e quando vi como ele era - um deus grego, versão moderna -, aprontei-me, provocadora, e falámos por mais uma hora. Nós os três só nos ríamos, a contar piadas e histórias engraçadas. Descobri o seu nome - Rui - e o seu número - 91******* (lol). Ah, e lembram-se daquele rapaz da estátua? Que encontrei na piscina? A Sónia saiu com ele ontem e diz que tem fé de que hoje o consiga levar para a cama (para verem uma comédia romântica, óbvio). Estamos as duas bem, como vêem. Eu continuo entusiasmadíssima com a ideia de ser cantora. Já viram, eu a dar concertos por todo o país? E depois por todo o mundo? Vou ser a nova Anastacia (sem o cancro da mama, espero)!!

Tuesday, July 31, 2007

Reviravolta

Oi. Como alguns devem saber, eu hoje ia pôr o meu plano de vingança contra a Cátia em marcha. Contudo, uma reviravolta sucedeu, pelo que a minha vida está agora numa nova direcção. Não se preocupem, eu, como sempre, conto-vos tudo!

O meu plano consistia em ir a casa dela, devidamente disfarçada com uma peruca loira e óculos gigantes, e rasgar-lhe todos os seus vestidos, não me esquecendo de riscar as paredes do seu quarto. Então, com isso em mente, fui até casa dela e quem veio à porta foi a mãe. Simpática, disse que me chamava Jacinta ( nome da melhor amiga da Cátia) e pedi-lhe para entrar. Ela deixou-me e eu apressei-me a correr para o quarto, à primeira oportunidade. Entrei lá à socapa e tive uma visão chocante: a Cátia, nua, a ver porno lésbico. Horrorizada, berrei. Envergonhada, ela gritou. Fechei rapidamente a porta, tirei a peruca para que ela visse bem quem eu era. Então, ela ainda ficou mais vermelha, não sabendo como é que eu consegui entrar lá! Eu, por dentro, ría-me mas, credo, estava chocada. Ela aprontou-se a vestir-se e pediu-me segredo.

Na minha cabeça passaram-me duas coisas, nesse momento: guardar segredo ou chantageá-la, como ela obviamente merecia por tudo o que me fez. Mas, sabem, a Sílvia não é um monstro. A Sílvia consegue ser boa pessoa, às vezes. Esta foi uma dessas. Disse-lhe que guardava segredo, mas secretamente tirei uma foto com o telemóvel quando ela estava naqueles preparos, e na foto vê-se bem que o que ela via no computador não era pornografia heterossexual. Esperta eu, hã?

Renascida

Kunichiwa para todos, tenho novidades! Sei que estão curiosíssimos para saber tudo da minha vida, mas calma. Deixem-me só vos dizer que esta noite dormi pessimamente, com o teste de gravidez em cima da almofada a olhar para mim. Sei lá, a tentar arranjar forças. Um filho é uma grande responsabilidade. Agora, acabei de fazer o teste e (tãrãtãtã)..... não tenho nenhum ser dentro de mim - a não ser a galinha que comi ao almoço, lógico! Ai estou tão contente, já viram eu grávida? Quer dizer, assim talvez escapasse às praxes... Agora, a minha outra novidade. Esta penso que vos fará ainda mais felizes, não sei, é um feeling. Lembram-se de vos ter contado no post "Que dia...!" que me cruzei com o filho da Josefa, a dona do café? Pois, ele foi-lhe contar tudo e, resultado: estou na rua da amargura, sem emprego... Ou será que não? Sim, eu sou uma pessoa muito positiva e acredito que há males que vêm por bem. Hoje de manhã, quando vinha a caminhar pela rua, já desempregada, ouvi uma idosa que vende peixe aqui no bairro dizer "Oh minha filha, quem canta seus males espanta!". Na altura, sorri e disse que não se passava nada. Só que, quando cheguei a casa... PLIM! Descobri a minha nova vocação, e estou completamente entusiasmada: ser cantora. Amores, se o ditado estiver certo (estão sempre), os cantores não têm problemas! As aulas de canto começam já para a semana. Yay!

Monday, July 30, 2007

Odeio-a

O seu nome é Cátia e digo-vos, é a maior rameira lá da escola. À minha volta, só ouço "A Cátia sacou-me um bico..", "A Cátia ladrou enquanto eu lhe dava...", "A Cátia adora anal...". Eu não consigo entender como é que alguém consegue fazer tanto sexo por semana. Bem, mas o que me pôs raivosa foi ela ter vindo ler o blog e agora ter até uma frase no seu subnick dedicada a mim, que passo a citar: "Parabéns, Sílvia, já não bastava teres a cara de uma chinesa, ainda por cima perdeste a virgindade com o fantasma do teu avô." Agora, todos vão saber disto em menos de 24 horas, visto que ela é tipo, a moça mais popular da escola. Ah, e Cátia, eu sou japonesa, dah. Digam-me, já não bastava eu correr o risco de ser despedida, de estar grávida do meu falecido bisavô e de viver num país que odeia os asiáticos (mas é engraçado que vão todos aos chineses mas ninguém admite - é quase como os jovens: vêem porno e não admitem)? Só me faltava esta... Ah, e ainda por cima hoje a minha EpiLady avariou-se! Vou mas é ver televisão e sonhar com o dia em que ganhar o EuroMilhões!

Já agora, para desanuviar um bocado... cá fica outra foto minha!:

Posso 'tar de bucho

Ai meu Buda, fui violada! Sim, leram bem: v-i-o-l-a-d-a. Estou um pouco traumatizada mas é com coragem (e algumas lágrimas ao canto do olho) que vos relato esta inesquecível experiência.

Sábado à noite, depois de voltar de uma ida à discoteca com a Sónia e a Myuki, estava eu em casa, aborrecida, quando me deito na cama, nua por causa do calor. O relógio marcava 4:02 quando desliguei a televisão e adormeci, pouco depois. Comecei a sonhar com o Michael Bublé, sonhei que estávamos na praia a beijarmo-nos apaixonadamente, mas não consegui chegar à parte do triqui-triqui, porque algo me fez acordar! Senti uma mão grande pressionar a minha boca e acordei, tossindo. Olhei para a frente e tive a visão mais horrenda de sempre: um fantasma. Sim, leram bem. Tentei berrar, em vão. O fantasma subiu a cama e tirou os lençóis com uma força enorme para cima da web-cam, despindo-se depois também. Eu estava imóvel quando reparei que aquela cara não me é estranha: era o fantasma do meu bisavô!!!!! Ai meu Buda, depois senti algo a perfurar a minha vagina, vezes sem conta. A coisa que vi depois foi quando acordei, já o sol se tinha levantado: uma poça de sangue à minha volta. Procurei ferimentos mas nada encontrei. Foi então que me lembrei: eu era virgem.

Liguei ao meu tio, de nome Edison, que é ginecologista, e pedi-lhe que viesse a minha casa rapidamente. Ele, contudo, só veio à noite. Pedi-lhe que me analisasse a vagina e, apesar das insistências dele, não lhe contei nada sobre o que se passara na noite anterior. Quando ele me disse a verdade, quase morria: o meu íman estava rompido. E mais, podia estar grávida (não sei como, que eu saiba os fantasmas não têm esperma)!

Hoje de manhã, voltei a reflectir no porquê da visita do meu bisavô. Essa profunda reflexão levou-me até casa da minha avó, onde a iria sondar para tentar descobrir a razão da violação. Cheguei lá e falámos de espíritos e ela, como é uma entendida na matéria, disse-me que não era possível que eles se vingassem sexualmente e mandou-me rezar a Buda. Eu, então, histérica, contei-lhe tudo o que se passou e ela apenas me perguntou: "Sabes há quando é que ele morreu?" e eu "Há um ano, mais ou menos?" e ela "Sim, dia 20 de Julho de 2006. Foste visita-lo ao cemitério?" e eu aí já nao precisei de fazer mais pergunta nenhuma; as conclusões eram óbvias: o meu bisavô violou-me por eu não ir ao cemitério.

À tarde, comprei não uma rosa mas dez ramos e fui até ao cemitério, pedindo-lhe perdão e esperando que ele tenha terminado o "serviço" antes da ejaculação, ou eu estaria em maus lençóis. Digam-me, há alguma coisa que não me aconteça?

Saturday, July 28, 2007

Socorro...

Meu Deus, a sério, a minha vida está, oficialmente, na lama. Vou contar-os o que se passou ontem, choquem-se.

Como sabem, eu ontem fui para a piscina, aproveitar o meu Verão. Uma rapariga como eu merece isso, como devem calcular. Estávamos eu, a Sónia e a Vanessa deitadas nas nossas respectivas espreguiçadeiras (enquanto o Jorge tentava arranjar alguém com quem perder a virgindade 'tadito) quando uma forma se perfila em frente à luz ofuscante do sol. Uma forma medonha, como a noite de lua cheia. Uma forma gigante. De repente, essa forma começa a acenar e apercebo-me de que era nada mais nada menos do que o filho da Josefa, dona do restaurante! Meu Deus, deixei cair o copo de sumo natural e sem gordura que bebia e olhei para o lado, vendo a Sónia a acenar-lhe também...! Raivosa, berrei esganiçadamente com ela, perguntando-lhe se não sabia que eu estava a faltar ao trabalho! Ela alertou-me para o facto do filho da Josefa, Antonieto, estar a caminhar na nossa direcção... aí eu quase morria. Peguei na toalha e embrulhei-a à volta da minha cabeça, começando a correr em direcção ao bar. Ah, já me esquecia, pedi à Sónia para dizer que quem estava ali era a minha irmã gémea. Fugi para o bar, e pedi um sumo, ainda não fora de perigo. É então que vejo aquele rapaz lindo que víramos à beira da estátua, do outro lado do balcão! Histericamente, meti conversa e, como já era de esperar, consegui o seu número muito rapidamente. Olhei por cima do ombro e vi Antonieto vir para ali também. Sentindo-me um rato a ser perseguido por uma serpente gorda e feia, fugi.

No entanto... Nada disso serviu. Cheguei a casa e recebi uma chamada de Josefa, que me dizia que queria falar comigo. Fingi um vómito e desliguei a correr. Sem saber o que fazer a seguir, deitei-me em posição fetal sobre o chão completamente cheio de urina do meu gato, chamado ConiPiçi, e adormeci ali mesmo!

Hoje o telefone não parou. Eu, contudo, não atendi... Ajudem-me, por favor. Acham que deva responder aos telefonemas, e correr o risco de ser despedida e nem ter dinheiro para comprar a revista Maria, ou que me limite ao silêncio, que nem uma freira? Agradeço desde já, beijinhos!