Oi gente! Kunichiwa
feliz para todos! Peço desde já a todos os homossexuais fãs da Madonna, a todos os heterossexuais descomprometidos, enfim, a todos os meus visitantes, um pedido de desculpas pela minha demora. Contudo, alegrem-se ao ouvir o motivo: fui com o
Rui para Beja, durante dois dias, numa escapadela
romântica.
Como sabem, na Terça-feira (como disse no
post anterior), fui almoçar com o Rui. Lá no restaurante, enquanto comíamos hambúrgeres
mal cozinhados, ele fez-me uma proposta: ir com ele na Quarta, de manhã cedo, para Beja, visto que ele tinha uma casa lá nas
montanhas. Só voltaríamos hoje à tarde. Indecisa, olhei em volta, a ponderar... contudo, quando me lembrei dos meus avós a cozinhar lá em casa, a sujar a cozinha com os molhos orientais, decidi
aceitar. Passei a madrugada a fazer as malas e às 07:00 da manhã do dia seguinte lá estava Rui no seu carro, à entrada do prédio à minha espera.
Depois de
algumas horas de viagem pelas inúmeras terras de Portugal, num dia algo calorento, atravessámos umas montanhas lá em Beja e chegámos à casita - era mais uma
cabana, nos meus perâmetros, mas enfim. Descarregámos as malas no interior da casa - que tinha apenas uma cozinha/sala, uma casa de banho e um quarto - e, depois de almoçarmos, fomos dar um passeio pelo mato.
Ele andou a contar-me umas histórias, apresentou-me uns idosos e conhecemo-nos um pouco melhor. A
noite chegou e voltámos para casa. Depois de jantarmos à luz das velas e das chamas que irradiavam da lareira, cheia de lenha (a luz falhou, não me perguntem
porquê), ele, inesperadamente, agarrou-me e levou-me ao colo para o quarto. Ia haver sexo,
sabia-o.
Estávamos nós lá na cama, debaixo dos cobertores, a despirmo-nos, com os corpos cheios de adrenalina, quando o meu telemóvel
começa a tocar. Ele ainda tentou impedir-me de atender mas eu nunca recuso uma chamada - experimentem e comprovem -, por isso, atendi, aborrecida. Era o meu avô, a dizer-me que o
papel higiénico acabara. Enquanto eu lhe contei onde eu guardava os rolos, vi o Rui, zangado, a sair do quarto. "Vou buscar mais lenha", disse-me.
Depois de ele sair de casa sentei-me na cama, pensando que se calhar teria sido melhor não atender o telemóvel. Foi então que um acontecimento
marcou o final do dia, acontecimento esse que me intrigou
bastante: o telemóvel dele, pousado na mesinha-de-cabeceira, começou a tocar e eu, vendo que o Rui se demorava, decidi atender. "Estou???", disse, várias vezes, mas ninguém respondeu. Segundos depois, desligaram. Quem seria? Ele voltou e fui até à cozinha, onde falámos mais um pouco até irmos para a cama novamente (contudo,
nada aconteceu).
O dia seguinte começou
chuvoso. Quando acordei, já ele estava acordado. Fui até à cozinha e tomei o pequeno-almoço que ele preparara (estava bom, devo confessar, mas as torradas estavam
completamente queimadas), reparando que ele continuava zangado. Tentei animá-lo e comecei a falar de assuntos mais picantes.
Quinze minutos depois, estávamos na cama a continuar aquilo que ficou por acontecer na noite anterior.
"Deixas-me louco", dizia ele, despindo-me
de forma selvagem. Continuámos a enrolar-nos, enquanto nos despíamos rapidamente, contudo... não foi dessa vez que aconteceu. Sim, houve um acontecimento que nos impediu: beijavamo-nos apaixonadamente quando, lá fora, se ouve uma buzina estridente terminar com aquele
momento de paixão. A pessoa continuou a buzinar e ele foi até à janela ver quem era. "Merda!", gritava ele, voltando para o quarto. Perguntei quem era, o que se estava a passar, mas ele apenas me disse "Esconde-te, e
rápido."
"Quê?! Onde??", perguntei eu, mas ele não me ouvia. Apressado, vestia as calças enquanto me dizia para me esconder
debaixo da cama. "Não!" e ele "No armário, então", e eu "Também não!" e ele apenas disse "Então despacha-te a arranjar um sítio", enquanto lá fora uma mulher berrava palavras que eu não percebia. Olhei em volta, com o coração a bater
a mil, e foi então que achei o sítio ideal para me esconder (de quem? também me questionava): a lareira.
Aninhei-me para entrar e, já lá dentro, ajeitei aquela grade... sabem, aquela grade para que as cinzas não passem para o exterior? Sim, essa mesmo, ajeitei-a e fiquei - penso eu - devidamente
escondida na sombra. Quando ele abriu a porta, tentei acalmar a respiração, enquanto via aquela ex-namorada dele (a do restaurante) irromper pela porta, berrando "Onde está a pêga?!".
CREDO, pensava, enquanto ela começava a
revirar os lençóis da cama, e depois a abrir as portas do armário, sempre a olhar para todos os lados e a dizer "Onde está a pêga?! Onde? Vadia, aparece!" e eu estava mais
chocada do que nunca. O
Rui dizia-lhe que estava sozinho, tentava explicar-se a todo o custo e foi isso que me preocupou: se ele se tinha separado dela, porquê
aquele aparato? A resposta, contudo, veio nos momentos seguintes.
A tentar não falar, ouvia-os discutir sobre várias coisas. Pelo meio, consegui perceber que eles se estavam
a divorciar (ela era a mulher dele, afinal!) e que tinham acordado que ninguém iria para aquela casa com futuros namorados pois, aparentemente, era o
refúgio deles - que romântico, só me apetecia esganá-la! Só eu é que não tenho esse tipo de coisas... enfim. Ela estava a fumar e aproximou-se da lareira para despejar a ponta do cigarro queimada. Assim o fez, e senti uma coisa quentíssima
cair em cima de um dos meus pés. Sem querer, um "ai" saiu-me da boca e ela voltou-se, de novo irada.
Ela levantou a grade e viu-me, por fim. Contudo, eu decidi fazer o meu papel: o de vítima. Saí de lá, enquanto ela me olhava, chocada (não sei se era por ver que realmente estava ali outra mulher ou se era por causa do meu aspecto,
cheia de cinzas) e disse "Ah és casado? Acabou-se tudo entre nós.", indo para o quarto
pegar nas malas. Alguns minutos depois, saía eu de casa, com as malas nas costas, enquanto eles continuavam a discutir, seguindo-me até à entrada. Ele tentou impedir-me, mas eu segui caminho.
Devia eu ter percorrido uns três-quatro quilómetros, quando parei para descansar um bocado, estafada. O tecido das malas já estava rompido, de tanto as
arrastar. Olhei em volta e só via campos cheios de trigo seco. Continuei a andar mais um pouco e foi então que me lembrei: eu estava em
Beja. Horror, eu sei! Estava a centenas de quilómetros de casa! Que escolha tinha eu...? Dei meia volta e voltei.
Quando cheguei novamente a casa, já a outra se tinha ido embora e escurecia. Encontrei o Rui na cozinha e falámos um bocado, calmamente. Foi então que ele me ofereceu uma caneca de
chocolate quente e, sentados no sofá, me começou a contar todos os detalhes da história entre ele e a mulher. Já não importava se fazíamos ou não amor. A honestidade que ele revelou naquela conversa valeu por tudo. Beijo asiático, que o post já está
do tamanho da China.